João Pessoa, 17 de maio de 2023 | --ºC / --ºC Dólar - Euro

ÚltimaHora
Professora Emérita da UFPB e membro da Academia Feminina de Letras e Artes da Paraíba (AFLAP]. E-mail: [email protected]

O mundo descobriu Portugal

Comentários: 0
publicado em 17/05/2023 às 07h35

O mundo descobriu Portugal

Com oito horas de voo saindo de Recife eis que chegamos em Lisboa. Por dez dias vivemos experiências prazerosas e inesquecíveis. Portugal guarda coisas do seu passado milenar dos celtas, romanos, visigodos, mouros e cristãos que deixaram suas marcas na arquitetura e nos monumentos históricos, hoje convertidos em Patrimônio Mundial da Unesco. A gastronomia portuguesa é rica em pães, azeitonas, queijos e vinhos em casamento perfeito com o bacalhau, prato saboroso e carro chefe de sua típica culinária. Além de oferecer variedade de frutos do mar em abundância. A sobremesa tradicional é o famoso pastel de nata, popularmente chamado de “Pastel de Belém, ” comprado na pastelaria da esquina ao lado do Mosteiro dos Gerônimos, fundada em 1837. Receita criada pelas monjas beneditinas como segredo do claustro. Hoje é considerado patrimônio mundial pela UNESCO.

Já conhecíamos o sul do país, o desejo era conhecer o norte. De Lisboa pegamos um carro e rumamos a Coimbra. No meio da viagem vimos um anuncio numa placa: “Santuário de Fátima a 17km”. Não tivemos dúvida: mudamos o roteiro e fomos até lá. Lugar dos mais emocionantes, aquele recinto abençoado faz-nos sentir a presença da Virgem Maria. Foi um momento de felicidade para todos nós.

Coimbra pertence a região chamada ‘As Beiras, ” porque fica à beira do litoral. A cidade foi capital portuguesa por mais de 100 anos (1139 – 1255) e sedia a maior universidade do país, fundada em 1290 pelo papa Nicolau IV, sendo uma das primeiras do mundo, declarada, em 2013, Patrimônio Mundial da UNESCO, devido sua importância cultural e científica. Situa-se nas encostas até a margem do Rio Mondego. Tem importância histórica como nenhuma outra parte no pais. Apesar da modernidade adotada ainda ministra ensino tradicional eficiente, com resultados exitosos. Os alunos frequentam as aulas trajando capa preta adornada com emblema que indica o curso. Há normas disciplinares rigorosamente cumpridas, segundo o “Código de Praxe”, que regula toda vida estudantil. Abriga uma população estudantil fixa de mais de 22.000 alunos vindos de todas as partes do planeta. Coimbra vive em torno da Universidade e recebe sua influência determinante em sua vida. Estudantes lotam bares, cafés e restaurantes. A cidade é coberta de anúncios de eventos, manifestações, sobre diversos temas científicos e políticos, cartazes, convites de toda sorte para palestras, protestos e reivindicações etc. Ao término do curso há a tradicional festividade em que toda a sociedade toma conhecimento. A queima das fitas, corresponde ao encerramento do ano letivo. O evento dura uma semana incluindo danças, teatro, festivais, exposições, concertos e várias celebrações. Coimbra tem vários monumentos, bibliotecas, igrejas, museus de várias naturezas, praças históricas que preservam a memória fazendo-nos voltar no tempo. Importante conhecer.

De Coimbra fomos para a cidade litorânea de Aveiro, considerada a “Veneza Portuguesa”, localizada na foz do rio Vouga. A duas horas de Lisboa, a 75km de Porto, conta com 80 mil habitantes. Destaca-se pelos canais, onde navegam barcos moliceiros coloridos, imitando as gôndolas de Veneza, utilizados para passeios e colheita de algas. Seus prédios são de estilo arte nouveau sobressaindo a Sé de Aveiro com seu campanário. Possui universidade, tem o custo de vida relativamente mais baixo que em outras cidades portuguesas, tornando-se um atrativo para quem deseja morar em Portugal. Além de proporcionar atrações para todos os gostos, é um lugar versátil que une a tranquilidade de uma pacata cidade com as facilidades de uma cidade desenvolvida. Seu comércio sobressai na produção de sal e do pescado. Há várias igrejas antigas, instalações monásticas, estilo barroco medieval. Museus que retratam a ciência, a cultura e a arte. Aveiro é uma cidade que nos encanta.

Saímos de Aveiro e fomos ao Porto, situada no Noroeste, segunda cidade turística do país e o quarto município mais populoso. Situa-se na foz do rio Douro. Tem uma população de 214.349 haitantes, segundo a Organizações das Nações Unidas. Apresenta várias atrações, entre elas podem ser citadas: O centro histórico do Porto, tombado como Patrimônio mundial da UNESCO desde 1996; Igrejas antigas e de estilo barroco; Vida cultural pulsante. É a cidade mais charmosa a começar pela maior avenida portuguesa, a Av. Boavista, com 6 km de extensão; a casa da música, considerada pelo New York Times uma das mais importantes salas de espetáculo construídas nos últimos 100 anos. A paisagem é linda, com belos jardins, praças e monumentos. Oferece gastronomia da melhor qualidade em bares e restaurantes, desde o mais simples, na beira do cais, ao mais sofisticado no bairro Vila Nova de Gaia,o The Yeatman. Não pode faltar o bacalhau e a “francesinha”, especialidade da cidade do Porto – um sanduiche com fatias grossas de pão de forma, presunto, linguiça, salsicha, bife, queijo e ovos, regado com um molho especial que dá exclusividade ao sabor. Os famosos vinhos do Porto, apreciados internacionalmente. Inúmeras vinícolas oferecem degustações a seus visitantes. Seu nome deu origem ao nome de Portugal. É sede da Livraria Lello, tida como uma das mais famosas do mundo. Os portugueses são fanáticos pelo futebol e por isso criaram o museu do Clube do Porto. Na cidade, além de passarmos dias maravilhosos, tivemos o prazer de encontrar e jantar com o casal de brasileiros, Samuel e Ana Lins, de quem fomos padrinhos de casamento, e seus dois filhos, Alice e Joãozinho, pequerruchos. Samuel hoje é professor, doutor e renomado pesquisador da Universidade do Porto. Tenho orgulho de dizer que foi meu aluno, brilhante, nota 10. Está com residência fixa e contrato definitivo com aquela Instituição. É filho dos professores e amigos Zoraide e Ademar Lins. Com esse evento encerramos nossa estadia no Porto.

Na ida para Braga passamos pela cidade de Guimarães, a maior cidade da região, com 156.849 habitantes. Compõe a sub-região do vale do Ave. É a sede da Associação de Municípios do Vale do Ave e pertence ao Distrito de Braga. Lá encontra-se a Universidade do Minho, forte na Arquitetura e Arte Design. Foi aqui onde Portugal nasceu como país. Dista apenas 60km do Porto, foi tombado como Patrimônio Mundial da UNESCO em 2001. Monumentos medievais e lindos painéis de azulejos retratam a vida no século XVIII. A cidade oferece várias opções culturais. Essa região é famosa pela fabricação do vinho verde. Visitamos a Igreja de N. S. de Oliveira, primeiro monumento gótico do Minho. Conhecemos apenas o centro da cidade e seus arredores, pois chovia bastante na ocasião.

Com 150.000 habitantes, sendo 15 mil brasileiros, Braga situa-se na região do Minho, chamada berço do reino português. Terceira maior cidade do país nos impressiona por sua elegância, jardins primorosos, bem cuidados. Dá gosto ver a limpeza urbana. Impecável. Ficamos em hotel antigo, porém com estrutura moderna e arrojada, oferecendo conforto e bem-estar aos seus hóspedes. Segundo funcionários do Hotel Bracara Augusta, nome da antiga cidade, é o preferido dos brasileiros. A semana Santa constitui-se no maior evento turístico. O São João também é comemorado entusiasticamente. Vários museus, igrejas e monumentos milenares, de estrutura gótica, são encontrados em toda a cidade. Visitamos o Santuário de Bom Jesus do Monte, a 5km de Braga, local religioso que atrai peregrinos de todas as partes, belíssimo, com vista privilegiada, imitando a basílica de Sacré Coeur em Paris, com infraestrutura para os visitantes. O restaurante panorâmico oferece pratos típicos, saborosíssimos, aonde tivemos o prazer de almoçar. Terra da fabricação do vinho verde, que faz sintonia com os pratos de pescado, frutos do mar e sobretudo o bacalhau. O comercio surpreende pela quantidade de butiques e lojas de grifes renomadas. Foi lá que compramos roupinhas e acessórios para o futuro bisneto.

De Braga demos um salto em Gerês, que é uma vila situada na freguesia de Vilar da Veiga, para visitar o Santuário São Bento de Porta Aberta. Sua porta está sempre aberta para receber os peregrinos. A hora que chegarem serão acolhidos. É o segundo maior santuário português. Atrai milhares de pessoas para o culto ao fundador da Ordem beneditina. Semelhante ao Santuário de Santigo de Compostela, localizado na freguesia de Rio Caldo, município de Terras de Bouro, de estilo neoclássico barroco. Multidão é atraída em busca de benção, cura e consolação para seus problemas, onde se constata a fé daquele povo numa postura de oração que nos emociona, fazendo-nos sentir a presença de Deus. Emocionante.

Ainda deu tempo para irmos a cidade de Castelo Branco, cujos detalhes dessa viagem merece realce, o que farei em outra crônica especial. De lá retornamos a Lisboa de volta ao Brasil. Após 8 anos vejo um Portugal diferente. Um país evoluído e moderno, preparado para o turismo, com uma invejável infraestrutura hoteleira, de estradas maravilhosas com suporte de apoio para os viajantes, serviço sanitário de higidez impecável e toaletes bem instalados tecnologicamente com atendimento diferenciado a crianças, adultos e idosos, deixando os transeuntes bem à vontade. O país converte-se num atrativo para todo o mundo, em especial para os brasileiros, que se acham em casa e o adotaram como segunda pátria. Tem atributos que são convidativos: o mesmo idioma; o custo de vida em relação a outros países da Europa; cidades tranquilas, acolhedoras, prazerosas e seguras; além do povo português ser educado e cordial. Retorno da viagem feliz e com outra impressão do país irmão, nosso colonizador. Valeu!

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB

Leia Também