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Educador Físico,  Psicólogo e Advogado. Especialista em Criminologia e Psicologia Criminal Investigativa. Agente Especial da Polícia Federal Brasileira (aposentado). Sócio da ABEAD - Associação Brasileira de Estudos do Álcool e outras Drogas e do IBRASJUS - Instituto Brasileiro de Justiça e Cidadania. É ex-presidente da Comissão de Políticas de Segurança e Drogas da OAB/PB, e do Conselho Municipal de Políticas sobre Drogas do município de João Pessoa/PB. Também coordenou por vários anos no estado da Paraiba, o programa educativo "Maçonaria a favor da Vida". É ex-colunista da rádio CBN João Pessoa e autor dos livros: Drogas- Família e Escola, a Informação como Prevenção; Drogas- Problema Meu e Seu e Drogas - onde e como lidar com o problema?. Já proferiu centenas de conferências e cursos, e publicou dezenas de artigos em revistas e livros especializados sobre os temas já citados.

F E N T A N I L “A droga que matou “Prince” pode matar você também”

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publicado em 28/03/2023 às 07h00
atualizado em 27/03/2023 às 17h19

 

Nos últimos anos, ao tratar da temática drogas em seus relatórios, a Organização Mundial de Saúde – OMS tem afirmado que o maior problema de saúde pública do mundo na atualidade é o uso indevido de substâncias psicoativas, sejam estas lícitas ou ilícitas e que as sintéticas (produzidas em laboratório), são as que mais preocupam, pois, a sua produção ilícita tem crescido em progressão geométrica.

As drogas sintéticas em geral são fáceis de serem copiadas e produzidas em laboratórios clandestinos. Atualmente tal prática tem sido comum, especialmente por cartéis chineses e mexicanos. Essas substâncias geralmente são mais concentradas em princípio ativo que as naturais, como maconha e cocaína, por exemplo, o que as tornam mais danosas aos usuários. Comumente apresentam-se em formatos e embalagens de drogas terapêuticas (cápsulas, pó, comprimidos, líquida, adesivos, etc.), o que facilita a camuflagem das mesmas pelos traficantes, dificultando a fiscalização, além de serem mais lucrativas para as organizações criminosas.

Dentre estas substâncias (sintéticas), uma em especial, tem preocupado as autoridades americanas, europeias e também brasileiras nos últimos anos. Trata-se do opioide (derivado do ópio), denominado Fentanil (Zoplicona) ou Citrato de Fentanila (Genérico). Esta droga, que segundo jornais americanos, foi a responsável pela morte do cantor “Prince” no ano de 2016, é legalmente permitida para uso farmacológico, sendo uma daquelas usadas por médicos, especialmente anestesistas, para procedimentos pouco invasivos, como as endoscopias, por exemplo. Segundo atesta a própria Organização Mundial de Saúde – OMS, Fentanil é uma droga bastante segura, chegando a ser a droga terapêutica mais utilizada pela farmacologia no ano de 2017, em todo o mundo. Contudo, se usada de forma inadequada, fora dos padrões terapêuticos, pode ser extremamente perigosa, uma vez que este opioide é até 50 vezes mais potente que a Heroína e 100 vezes mais potente que a Morfina (substâncias também derivadas do ópio).

Outro aspecto a considerar é que a Fentanil é muito viciante, bem mais que a heroína, inclusive, pois tem efeitos intensos, rápidos e de curta duração, que são as principais características responsáveis pela instalação da dependência química no usuário.

Afora o vício ou dependência, alguns sintomas ou efeitos colaterais desagradáveis são comumente apresentados pelos usuários ao consumirem esta droga, entre estes os mais comuns elencados pelos profissionais de saúde são: coceira ininterrupta, depressão respiratória, bradicardia (batimentos cardíacos lentos), náuseas, vômitos, rigidez em alguns músculos, especialmente aqueles da região toráxica e até morte nos casos de overdose.

Segundo relatório da DEA (Drug Enforcemente Administration – Agência de Combate às Drogas – EUA), as mortes por overdoses de drogas sintéticas vêm aumentando a cada ano naquele país e tais eventos duplicaram nos anos de 2019 a 2020 nos EUA. Só em 2021 foram 107 mil casos, sendo 70 mil associados a opioides sintéticos e dois terços destes estão relacionados ao uso indevido da Fentanil.

Ainda de acordo com essas autoridades americanas, a maioria das pessoas usuárias e que foram acometidas por overdoses desta droga (Fentanil), certamente não sabiam que estavam consumindo tal produto, tendo sido vítimas de drogas “batizadas” (misturadas) pelos traficantes ávidos por lucros cada vez mais altos. Nesse sentido, agentes da DEA acreditam que cerca de 75% da cocaína vendida atualmente nos EUA contém Fentanil.

Um artigo de autoria do médico cancerologista, Dr. Drauzio Varella, publicado no jornal Folha de São Paulo no dia 23/03/2023, (https//www1.folha.uol.com.br/colunas/drauziovarella/2023/03/mortes-por-fentanila-estao-as-portas-das-casas-brasileiras/shtm), intitulado “Mortes por Fentanil estão às portas das casas brasileiras”, também chama a atenção para o grave e iminente risco deste problema relacionado ao uso indevido desta droga vir a contaminar o nosso país. E esta preocupação do Dr. Varella deve ser estendida a todos nós, pois nas últimas semanas a imprensa nacional já divulgou pelo menos dois registros de apreensão da Fentanil sendo comercializada ilicitamente no Brasil. Tal registro deve servir de alerta não só ao poder público, mas também a toda a sociedade brasileira pois num mundo globalizado em que vivemos dificilmente seremos poupados de que essa substância venha a fazer parte do menu de produtos ilícitos e até mortais, que são oferecidos diariamente pelos traficantes aos nossos jovens e também adultos comumente desavisados.

Como minimizar esses riscos? É importante saber que os produtores e/ou traficantes dessas drogas cada vez mais fazem uso das redes sociais para as negociações ilícitas com os usuários, comumente com a utilização de mensagens cifradas ou codificadas. Além disso, acondicionam seus produtos ilegais em embalagens similares às das drogas terapêuticas e as despacham por via postal com nomes fictícios, tudo com o fim específico de se protegerem das garras da fiscalização oficial. Atenção, portanto, a esses detalhes. Eles podem salvar muitas vidas.

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB

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