João Pessoa, 26 de dezembro de 2025 | --ºC / --ºC
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Você jogou terra em mim e flores nasceram.
E não foram flores tímidas, apagadas pelo vento: nasceram bravias, altivas, desafiando o chão que tentava me conter. Cada pétala carregava a história de uma luta silenciosa, de uma força que ninguém ousou medir.
Eu compreendo sua raiva, porque minha força é raiz que não se arranca.
A raiz que cresce no escuro, que rompe pedras, que se embrenha nas profundezas da terra, não teme tempestade nem mãos que tentam arrancá-la. O que para uns é fim, para mim é princípio. O que parecia destruição tornou-se construção: cada ato hostil, um degrau para minha própria grandeza.
Os olhos de quem me viu sucumbir agora contemplam o inesperado: cores que desafiam a escuridão, aromas que inundam o ar, vida que explode mesmo sobre o peso da maldade. Aquele que acreditou enterrar-me plantou, sem saber, o meu jardim.
E o mundo, às vezes cruel, ensina-me a agradecer cada pedra, cada golpe, cada tentativa de silenciar minha existência. Porque a vida que brota das raízes não se rende: floresce no instante exato, no ponto onde a dor encontra coragem, onde a resistência se transforma em beleza.
Quem joga terra não compreende que planta, inadvertidamente, força e esperança. Quem tentou apagar-me apenas reforçou minha luz. Hoje, minhas flores se erguem como bandeiras, cada uma um testemunho de que não há ódio capaz de sufocar a essência que insiste em viver.
Em cada tempestade, floresço; em cada sombra, resplandeço. Pois minha raiz, profunda e invencível, é a prova viva de que toda tentativa de destruição pode, paradoxalmente, gerar vida abundante, indomável, eterna.
* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB
BOLETIM DA REDAÇÃO - 16/12/2025