João Pessoa, 03 de outubro de 2025 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
Há quem viva nas alturas, perdido em nuvens de sonhos tão leves quanto o vento que passa. É bonito de ver: olhos marejados de esperança, coração pulsando em expectativa, palavras recheadas de futuros possíveis. Mas a vida, com seu jeito severo de professora, logo lembra: sonhar é bom, mas exige chão.
Nada adianta cultivar jardins de ilusão sem semear a terra, sem regar com suor, sem colher com as mãos. O tempo, esse Senhor apressado, não espera por ninguém. Ontem foi promessa, hoje já corre, amanhã talvez não chegue. Quem apenas sonha corre o risco de acordar tarde demais, com a sensação amarga de ter esperado um trem que nunca parou na sua estação.
Claro que sonhar é bom. É nele que repousa o fôlego da alma, é dele que nasce a poesia que nos mantém de pé. Mas é preciso pagar o preço: sair do lugar, mover-se, dar corpo àquilo que só existe em pensamento.
A vida não se alimenta de quimeras: pede atitude, pede coragem, pede a ousadia do passo que arrisca. Mas viver é ter a vergonha de ser feliz, como está na canção de Gonzaguinha.
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NA CÂMARA - 02/10/2025