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Graduada em direito e pós graduada em direito criminal e família, membro da academia de letras e artes de Goiás, tenho uma paixão pela escrita Acredito no poder das palavras para transformar realidades e conectar pessoas

As donas potroncas do nada

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publicado em 28/10/2025 ás 07h00
atualizado em 27/10/2025 ás 22h26

Nem todo brilho é ouro, talvez, ouro de tolo. Às vezes é apenas betume sobre o vazio.

Há donas que confundem poder com plateia e mesmo assim não recebem aplausos. Acreditam que o mundo lhes deve reverência porque um dia disseram “sim” a um sobrenome influente. Chamemos uma delas de Frederica Caleijada, típica esposa de toga alheia: desfila pela vielas acreditando que status é herança matrimonial. Pobre engano, elegância não se transmite por casamento.

Frederica preside, com ares de importância, eventos que misturam caridade com vaidade. Não organiza, desfila. Não lidera, se exibe. E no topo de sua pequenez, julga sem saber, fala sem verificar e humilha sem perceber o ridículo de quem fala do alto de um nada balangandã

No mesmo círculo social, mas cada uma tentando brilhar à sua maneira — está Chica da Fé, a beata da discórdia. Vive de oração e fofoca: reza um Pai Nosso de manhã e planta uma intriga à tarde. Faz da igreja o camarim da vaidade e do grupo social o púlpito de suas maledicências. Onde pisa, a paz recolhe o véu e vai embora.

Essas figuras se sustentam em aparências: vivem da sombra de maridos poderosos, sem perceber que não há brilho que resista à ausência de essência. São como bonecas de porcelana em vitrines de Lisboa —  de boa, parecem raras, mas racham fácil ao primeiro toque de lucidez.

E enquanto elas se perdem em títulos emprestados, há quem siga de cabeça erguida.

Há quem tenha nome próprio, história própria e luz que não depende de ninguém, nem de sobrenome.

Eu, por exemplo, não precisei de sobrenome emprestado nem de espelho alheio para existir. Cada espaço que ocupo foi conquistado com trabalho, coragem e palavra,  porque o verdadeiro poder é silencioso, e a verdadeira nobreza, não precisa de plateia.

Escrito por uma mulher que aprendeu que elegância é não disputar espaço com o ridículo.

Quem não nasceu para  Penélope, (esposa de Ulisses na Odisseia), será sempre Chica da Fé.

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Ilustração – El nacimiento de la Virgen’, de Giovanni Da Milano

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB

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