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Jornalista paraibano, sertanejo que migrou para a capital em 1975. Começou a carreira  no final da década de 70 escrevendo no Jornal O Norte, depois O Momento e Correio da Paraíba. Trabalha da redação de comunicação do TJPB e mantém uma coluna aos domingos no jornal A União. Vive cercado de livros, filmes e discos. É casado com a chef Francis Córdula e pai de Vítor. E-mail: [email protected]

Salgado é doce

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publicado em 14/12/2025 ás 08h22

 

Saí da capital pela estrada embaixo do céu, para celebrar com o povo de Salgado de São Félix, nos  seus 64 anos. Uma festa modesta, na praça da igreja do padroeiro São Félix de Cantalício e eu não pensava noutra  coisa, chegar em casa e contar aos de casa. Lá, eu estava em casa, na casa da fazenda prefeito Dr. Joni Oliveira, o médico das flores do poeta Vinícius de Moraes e sua mulher, uma das paixões da minha vida, Auxiliadora Lacerda.

Cheguei como o hóspede da utopia esperado e, só então, os meus olhos se sentiram à vontade com o excesso de beleza da natureza, a troca de carinho. Fui tratado como um rei, onde antes não fui súdito – a amizade entre pessoas amorosas é uma festa que inclui a mobília, com os retratos, os pratos, os animais,  os travesseiros, os oratórios e muitas gargalhadas.

Tudo em Salgado é doce, liberdade é paz, uma cidade em que não se tem notícia de feminicídio. Homens e mulheres aparecem nos jardins para lá do jardim das rosas de Cartola.

 Muitas garotas bonitas – todas acompanhadas,  com roupas coladas no corpo, a última moda em Paris, mostrando as curvas e mistérios. Mulher nasceu para  mandar no pedaço. Adorei Paulinha, que mora na fazenda do prefeito e da primeira-dama do Salgado. Paulinha, uma morena de endoidecer, como está na canção de Djavan.

Na festa do aniversário da cidade, Fatinha de dona Zita, uma aparição eterna. Cena antiga, jovens mascando chicletes sem banana, que eu nunca entendi o porquê – nem quis saber, sequer mascar.

 Uma praça pequena e uma multidão para ver os shows, onde as performasses dos jovens e a gritaria no show do Luan Estilizado, o cara com uma sanfona no peito, que mais parecia um filme da obra do escritor cubano, Leonardo Padura, autor do ´Homem que amava os cachorros´

Uma cidade linda, bem cuidada e todo mundo, uma grande família. Na casa do prefeito tem uma mesa de terapia, que fica de frente para galos, perus, noites e quintais. Ô lugar bom de viver sonhar.

 Se eu não morasse onde moro, era ali que eu queria ficar, mas não sei se me acostumo viver longe do mar.

Em Salgado de São Félix tudo é doce, tudo é motivo para comemorar. A fazenda em que dormi, uma casa grande sem senzala, é um entusiasmo para escrever um romance, cheios de planos de ser e chegar a ser o lugar que a gente não esquece nunca.

Sem uma ligeira demonstração do amor maior, eu fiz umas fotografias, pequenos filmes, esquinas, as igrejas, as ruas e seus paralelepípedos, tudo coisa para emoldurar no coração do K

 Salgado de São Félix é como Parisnão é feliz ali quem não quer. Não posso esquecer do Ipê amarelo, que cobre a estrada em que fui e voltei embaixo do céu.

Eu era pequeno ainda, quando descobri a cidadania do mundo, sem lamentações, trabalhando até o último minuto, ralando, creio, isso ficou fincado em mim, porque nasci no sertão, cujo cidade é a maior do mundo, porque das quadras de suas ruas, consegui abrir as portas e hoje me encanto com Salgado de São Félix, minha benção Senhor.

Kapetadas

1 – Quer ser meu amigo? Não seja delinquente, não seja carente, não durma na praça. Vá trabalhar vagabundo

2 – Eu só queria a paz mundial, Wi-fi livre e morenas peitudas.

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB

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