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Francisco Leite Duarte é Advogado tributarista, Auditor-fiscal da Receita Federal (aposentado), Professor de Direito Tributário e Administrativo na Universidade Estadual da Paraíba, Mestre em Direito econômico, Doutor em direitos humanos e desenvolvimento e Escritor. Foi Prêmio estadual de educação fiscal ( 2019) e Prêmio Nacional de educação fiscal em 2016 e 2019. Tem várias publicações no Direito Tributário, com destaque para o seu Direito Tributário: Teoria e prática (Revista dos tribunais, já na 4 edição). Na Literatura publicou dois romances “A vovó é louca” e “O Pequeno Davi”. Publicou, igualmente, uma coletânea de contos chamada “Crimes de agosto”, um livro de memórias ( “Os longos olhos da espera”), e dois livros de crônicas: “Nos tempos do capitão” …

Que presente majestoso!

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publicado em 17/02/2023 às 07h00
atualizado em 16/02/2023 às 16h42

Nesse mundão de meu Deus, somos um nada ambulante. Alta velocidade nos labirintos das curvas do universo. Somos um mundo, um mundo-nada, perdidos dentro de nós mesmos, oceano de águas retorcidas, caído à solidão do presente.

O presente…. O que é o presente por onde rabiscamos nossas vidas? Outro nada, aquilo que, sendo, não é; ou, não sendo, é algo que já passou. Nem átimo de tempo o presente é. Não é passado, pois tem a promessa de futuro; nem futuro, pois já se esvaiu desvanecido. O presente não é, pois já se foi, nem será, pois já é. O presente é tão somente o jardim da imaginação e devaneios.

Pois, é pisando nesse bicho quântico que suportamos a existência: forçados ao trabalho; dominados pelos mistérios de uns bichinhos que são a nossa própria essência biológica; maltrapilhos de uma razão perdida em paradoxos; chantageados por uma promessa de eternidade,  escravizados pelo consumismo, embebecidos de vaidade, sedentos por carne e sangue.

E bestas. Somos bestas! E se por acaso, roubo ou sorte, acumulamos dinheiro mais do que precisamos, pasmem: acreditamos nisso e por isso queremos dominar o tempo dos outros, comprá-lo, contá-lo, negá-lo, pois, assim aumentaremos a sensação de que regemos o palco da vida.

Mas a vida é tão instável quanto o presente. Em breve cuidará de mostrar o simulacro de si mesma. E não haverá piedade, pois o presente corre mais veloz do que o universo e não nos possibilita tempo de percebê-lo. Eis a contradição absoluta: nascer para morrer!

Para fugir desse dilema, há os que habitam no passado e dele se tornam reféns. Esses não vivem porque nunca nasceram; outros pairam no futuro; porque pularam dois vagões da vida antes da vida chegar e não compreenderam que surfar é preciso, ainda que sobre o píncaro das tempestades que a vida oferecer.

Enquanto isso, só há presente, mas talvez só venhamos conhecer essa carruagem majestosa no instante último, aquele em que as duas pontas da inexistência se encontrarem.

@professorchicoleite

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB

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