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Professora Emérita da UFPB e membro da Academia Feminina de Letras e Artes da Paraíba (AFLAP]. E-mail: [email protected]

O  Natal

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publicado em 18/12/2022 às 09h37

 Natal, palavra que vem do latim “Natalis”, quer dizer nascer.   Tempo de celebrar o nascimento de Cristo, figura mais importante para os cristãos, principalmente aqueles de cultura ocidental. Os que são pagãos entendem que simboliza o amor ao próximo e a união. Surgiu por volta dos séculos III e IV d.C. Cada povo, de acordo com sua tradição e crença, possui formas e protocolos para manifestar suas convicções. A data que marca a culminância é 25 de dezembro, do ano 1 d.C., dia em que Jesus nasceu na cidade de Belém, localizada na atual Palestina, numa manjedoura entre animais. Este dia é feriado religioso em vários locais do mundo. O ciclo do Natal é celebrado durante doze dias indo até o dia 6 de janeiro.  Existem polêmicas sobre o verdadeiro dia em que Jesus nasceu, que não é nosso proposito falar aqui. Cristo veio ao mundo para salvar o homem do pecado.

  O Natal é uma festa rica em simbologia religiosa e pagã. A representação mais enfática é o presépio que estabelece o cenário onde Jesus nasceu. Retrata todos os protagonistas que fizeram parte daquele momento da sagrada família, composta por Jesus, José e Maria, além dos três Reis Magos que foram à procura de Jesus para adorá-lo e levar-lhe presentes. O anjo Gabriel tornou-se o mensageiro da notícia de que Maria seria a mãe de Jesus. A estrela foi o sinal que orientou aos reis magos chegarem ao menino Jesus. A árvore de Natal é um dos principais símbolos dessa época; remonta aos povos pagãos que enxergam a árvore como símbolo de fertilidade e enfeite para comemorar a chegada do inverno. Os egípcios, romanos e outros povos atribuíam significados diversos.

    A árvore é montada nas igrejas, templos, no meio de praças e em locais de destaque. Uma figura associada ao Natal é o Papai Noel que se torna o personagem mais importante da festa, inspirada em um bispo turco chamado São Nicolau, que representa a generosidade que invade os corações de crianças e adultos, entrega presentes e se torna encantado no imaginário infantil. É o Santo da Rússia, da Grécia e da Noruega e dos estudantes. Para culminar, há a ceia do Natal de confraternização de todos da família. Cada simbolismo possui uma história e um significado que dariam vários contos.

       Por que recordar o Natal? Penso que todo adulto traz dentro de si os natais de sua infância, quando nossos pais fomentavam o nosso imaginário e a fantasia de que recebêssemos os presentes de Papai Noel e para isso teríamos que prometer bom comportamento dentro das regras estabelecidas na família. Escrevíamos cartas que deviam ser entregues por nossos pais a Papai Noel. E todos nós crianças devíamos dormir cedo, colocar o sapato debaixo da cama para que, à noite, o Papai Noel colocasse os presentes. Ele entrava de modo invisível pelas frechas das portas, vindo das nuvens.  Às vezes pensávamos em ficar acordados, mas o cansaço do dia era mais forte e não tínhamos como sustentar o sono. Sei que até aos meus nove anos alimentei essa fantasia. Era um mundo encantado e mágico de meus sonhos inocentes de criança.

 O Natal coincidia com a época de veraneio. A casa ficava cheia de primos e primas, com toda expectativa e ansiedade. Era uma farra de alegria que ajudava na felicidade e ansiedade que tínhamos para ver o presente que seria depositado por ele. Olhando o passado constato que éramos crianças sadias e felizes. Contentávamo-nos com muito pouco, e com brinquedos simples. Hoje, vejo a história se repetir através de meus netos que, como eu acreditava também acreditam piamente em Papai Noel. Só que agora colocam as cartas na janela do apartamento para ficar mais alto e mais perto e fácil de Papai Noel pegá-las. São outros tempos, outras ilusões e tecnologias.

  Depois de crescidos vimos os costumes mudarem. O nosso Natal era comemorado na Igreja de N. S. de Lourdes com a missa celebrada por Monsenhor Almeida, como também na passagem do Ano Novo. Depois tínhamos a ceia em família e a troca dos presentes. O tempo vai correndo e os costumes vão se modificando, mas o espirito de confraternização e de generosidade permanecem em nossa família, tornando o ambiente feliz, alegre e prazeroso. Há o aumento de parentes e cresce a reunião que passa a ocorrer na casa de um filho, não mais na do patriarca, com todos os protocolos do Natal. Em festa as crianças recebem a visita do Papai Noel que distribui os presentes e dá conselhos. Os adultos trocam brindes, brincam de amigo secreto.  É assim que celebramos esta festividade de maneira simples, mas de grande significado, de concórdia entre as pessoas e que atinge os nossos corações.

Em cada etapa que se vive os acontecimentos assumem importância e sentimentos diferentes, construindo nossas vidas e nossos momentos. Na linha do tempo, no ocaso da vida, o Natal passou a ser uma data de recordações e de saudades infindas. No trilhar do caminho vamos perdendo entes queridos e pessoas que amamos e é nessa ocasião que sentimos mais suas faltas.  Existe um misto de alegria e de nostalgia, há o sentir dentro d’alma de uma lacuna e de um vazio, ao enfrentar esta realidade imutável. É o continuar da vida. O amor é demonstrado em todos os sentidos, de contentamento pelo nascimento de Jesus Cristo e de tristeza pelas ausências. Surge a família que cresceu, e vêm os netos que são como dádivas de Deus a nos alegrar. É o recomeçar e o renovar que se perpetua através das gerações reverberando as tradições e as emoções que se repetem na frase Feliz Natal!

Profª. Emérita da UFPB e membro da Academia Feminina de Letras e Artes da Paraíba (AFLAP)

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