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Francisco Leite Duarte é Advogado tributarista, Auditor-fiscal da Receita Federal (aposentado), Professor de Direito Tributário e Administrativo na Universidade Estadual da Paraíba, Mestre em Direito econômico, Doutor em direitos humanos e desenvolvimento e Escritor. Foi Prêmio estadual de educação fiscal ( 2019) e Prêmio Nacional de educação fiscal em 2016 e 2019. Tem várias publicações no Direito Tributário, com destaque para o seu Direito Tributário: Teoria e prática (Revista dos tribunais, já na 4 edição). Na Literatura publicou dois romances “A vovó é louca” e “O Pequeno Davi”. Publicou, igualmente, uma coletânea de contos chamada “Crimes de agosto”, um livro de memórias ( “Os longos olhos da espera”), e dois livros de crônicas: “Nos tempos do capitão” …

O fim do mundo

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publicado em 22/07/2022 às 07h00
atualizado em 21/07/2022 às 19h15

Tudo tem limites. A existência deles, por sinal, é condição de compreensão da realidade. Sem eles, tudo seria caótico, um mundo desestruturado. Imagine uma flor, um lápis, uma casa, uma música, um poema, qualquer coisa. A forma e a denominação de cada um desses objetos, como eles mesmos, são o que lhes dá entidade. Toda entidade é delimitação construída em nossas mentes, afinal, tudo que se nomina ou se percebe se torna único e singular.

O que é uma estrela, senão a demarcação de algo em relação à plenitude de um céu cheio de tudo e nada ao mesmo tempo? O que é um grão de areia, senão a unidade de uma existência em relação ao que lhe é remanescente? O que é um ponto-cruz, senão o destaque de um bordado no tecido? O que é uma canção, senão a máxima harmonia que emerge dos mistérios do silêncio? O que é o silêncio, senão a potência dos sons adormecidos?

Tudo o que está aí na imensidão, antes de um contorno, é potência, oceano sem ondas, o dito do não dito, o grito não gritado, o nome não nominado, o não-sexo, o não-orgasmo, a singularidade absoluta antes da grande explosão.

Sim, o Big Bang foi o primeiro limite que se estabeleceu. O início de tudo, o palco de todos os cânticos do universo, seu verso e anverso, os seus multiversos, metaverso, o laço que prende cada coisa dentro de si mesma. Faça-se a luz!

Foi pelo pulsar de um limite que o mundo se desabrochou na multiplicidade, na diferença, nos contornos do compreensível e do dizível/indizível. Eis o paradoxo! Afinal, não há luz sem escuridão, nem escuridão sem luz, realidades que só existem, quando pomos fronteiras entre elas. Como a membrana do ovo que o separa do mundo inteiro, são os confins quem põem a luz e a escuridão em movimento.

Tudo tem limites. As grandes e as pequeninas coisas. Fora deles, só há vastidão do inominável. Cuidemos dos limites. Dizem que, no dia do juízo final, todos os viventes serão chamados a se perderem nas labaredas da imensidão cósmica, sem peias, sem ordem, sem nome, em meio às chamas e ao chamado do nada absoluto. O fim do mundo é isso… Ou outro início.

@professorchicoleite

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB

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