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Marcos Pires é advogado, contador de causos e criador do Bloco Baratona. E-mail: [email protected]

Quando começa uma viagem?

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publicado em 07/05/2022 às 07h56

Dona Creusa Pires, de quem tenho o privilégio de ser filho, dizia que o melhor da festa é esperar por ela. Tinha razão. Quando jovens, na expectativa de qualquer evento programamos com deleite a roupa que usaremos, com quem encontraremos e muita coisa mais. Só que, caminhando para os 80 anos, o melhor da festa para mim é não ir a nenhuma festa, ficar em casa. Porém esta é outra história. A história de uma viagem. A viagem do meu coração.

Antes da pandemia covid eu já havia pensado em voltar ao Caminho de Santiago de Compostela, onde fui absolutamente feliz duas vezes.

Para os que não sabem, são vários os Caminhos. Se meus pacientes leitores tiverem interesse, o google informará que o mais percorrido deles é o Caminho francês. E é a esse percurso ao qual me referirei a partir de agora. Na primeira vez fiz o Caminho de todas as maneiras erradas que alguém pode fazer. Mochila enorme, pesada, botas compradas às vésperas da jornada, o que resultou em muitas bolhas nos pés e alguns itens absolutamente desnecessários multiplicando o peso da mochila… .

A segunda vez que fiz o Caminho de Compostela foi um alumbramento. No meu encantamento fui acompanhado por mãe Leca, Paula Angela, Ceiçinha e Ana Maria. Nem precisava andar. As companheiras me elevavam num pisar de nuvens.
Mas vamos ao que importa.

Terça feira embarco sozinho. Um pit spot em Lisboa para participar da belíssima procissão das velas em Fatima na noite do dia 12 de maio e em seguida meu destino será Leon, na Espanha.

Pretendo fazer os últimos 300 quilômetros do Caminho. Planejei percorrer 30 kms em média por dia, o que resultará em 10 dias de caminhada. É muito forte, porém estou me preparando há alguns meses. Pus mais um dia de reserva, porque nessa época chove bastante e o percurso é muito irregular. Alguns dias subirei até 1.500 metros. Não me preocupo com as subidas; o risco está nas descidas, porque força-se muito os joelhos e há fundado receio de um escorregão nos trechos de barro. Meu planejamento inclui uma farmácia portátil porque a aquisição de medicamentos na Europa é muito complicada. Também estou levando umas músicas bem espertas; algumas antigas, outras mais velhas ainda. Porém o principal item dessa jornada é a minha vontade. Por isso escrevi esse texto; descobri que uma viagem começa no momento em que a vontade de fazer essa viagem desperta em você.
Darei notícias e prometo rezar por todos.
Ultreya y suseya!

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB

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