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Paulo Galvão Júnior é economista, escritor, palestrante e professor de Economia e de Economia Brasileira no Uniesp

O GLP aumentou 16,1% no Brasil

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publicado em 15/03/2022 às 07h10

O Brasil é a décima terceira maior economia do planeta e as classes econômicas A, B, C, D e E já estão pagando um botijão de gás de cozinha de 13 kg mais caro, após o reajuste das refinarias da Petrobras no Gás Liquefeito de Petróleo (GLP) para as distribuidoras de R$ 3,86 para R$ 4,48 por kg, ou seja, um aumento de 16,1% no País.

Em João Pessoa, capital do estado da Paraíba, o botijão de gás de cozinha de 13 kg já é R$ 120,00. Este novo reajuste do GLP em 11 de março de 2022, o último aumento por parte da estatal Petrobras foi há 152 dias, já reflete diretamente os impactos econômicos da invasão da Rússia à Ucrânia em 24 de fevereiro de 2022, e, sobretudo, as sanções econômicas contra a Federação Russa por parte de vários países, liderados pelos Estados Unidos.

Vale destacar que a Rússia é a terceira maior produtora mundial de petróleo, com 11,3 milhões de barris por dia, a oitava maior reserva de petróleo do mundo, com 80,0 milhões de barris por dia, além da segunda maior exportadora global de petróleo, com 7,2 milhões de barris por dia, atrás apenas da Arábia Saudita.

O petróleo é uma commodity energética transacionada em dólares americanos no mercado global e o GLP é um produto derivado do petróleo e no Brasil poderá subir mais nas próximas três semanas, devido as consequências econômicas da estúpida Guerra na Ucrânia e os impactos das sanções econômicas à Rússia, como também, as atuais proibições de exportação de uma série de produtos agrícolas, fertilizantes, produtos industrializados e equipamentos de origem russa até 2023.

O petróleo é a commodity mais importante da economia mundial e os impactos do alto preço do barril de petróleo tipo Brent são enormes para os produtores, exportadores, importadores, comerciantes e consumidores de GLP e de alimentos em todo o planeta. Logo, os consumidores consomem menos GLP e alimentos em tempos de alta inflação no Brasil e no mundo.

A taxa de inflação acumulada dos últimos 12 meses já alcançou 10,54%, segundo o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de fevereiro e mensurado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Os consumidores se preparem para uma elevação maior do IPCA no mês de março com os novos reajustes dos combustíveis e do GLP.

Infelizmente, com a política de preço de paridade de importação (PPI) iniciada na gestão do ex-presidente Michel Temer (MDB) em julho de 2016 e continuada na gestão do atual presidente Jair Bolsonaro (PL), estamos reféns ao preço do barril de petróleo tipo Brent e a variação do real em relação ao dólar americano. O cálculo do preço da gasolina, do diesel e do GLP no Brasil não deveriam estar vinculados ao preço internacional do petróleo (US$ 129,05 por barril) nem tão pouco da cotação do dólar norte-americano (R$ 5,12).

Agora, resta nos reclamar, e sobretudo, protestar contra os novos aumentos no GLP (16,1%), na gasolina (18,8%) e no diesel (24,9%) no Brasil. Um litro de gasolina aumentou de R$ 6,39 para R$ 6,99 em João Pessoa e já em Jordão no Acre é R$ 11,56. E com os reajustes do GLP crescerão o número de famílias brasileiras usando o velho fogão à lenha, à carvão, por não ter condições de comprar um botijão de gás de cozinha, em outras palavras, é necessário 9,90% do salário mínimo para adquirir um GLP de R$ 120,00 em 11 de março de 2022.

Após o início da invasão das tropas russas ao território ucraniano, muitos consumidores tomaram a atitude de comprar dois botijões de gás de cozinha, por R$ 105,00 cada um, da Ultragaz, com nota fiscal, para proteger sua família por no máximo seis meses, antes do aumento absurdo do GLP de R$ 15,00 na Grande João Pessoa, além de pagarmos tributos federal (PIS/COFINS) e estadual (ICMS) inseridos na compra do GLP de R$ 120, sobretudo, o ICMS de 18% para os consumidores desde janeiro de 2016.

Infelizmente, vivemos momentos tão tensos nas economias mundial e brasileira, que concordamos com o pensamento do renomado economista Ricardo Amorim (2022), “Quanto mais tempo a guerra durar e mais duras as sanções forem, mais fortes serão os efeitos negativos no Brasil e em todo o mundo”. Passados 19 dias de Guerra na Ucrânia, muitas empresas brasileiras já começaram a repassar para os consumidores, os aumentos dos preços dos bens não duráveis como os alimentos e dos serviços como os revendedores de gás, e muitos clientes não terão como pagar com os sucessivos aumentos dos bens e serviços.

É muito preocupante essa atual situação socioeconômica, com a queda do consumo das famílias poderá ocorrer o crescimento do nosso maior problema, o desemprego. Com a queda das vendas de GLP, por exemplo, poderão as revendedoras não conseguirem manter as despesas operacionais e os custos fixos da empresa, e sofrer com a situação de desabastecimento, por caminhões parados nas distribuidoras e portos nas operações de importação do produto.

O cenário tenso que enfrentamos nesse momento no nosso estado e em todo o país, muitos consumidores, principalmente, das classes E e D, poderão tomar medidas extremas, como escolher cozinhar no carvão (R$ 10,50 o saco de 2kg) e optar por comprar mais alimentos como feijão (R$ 8,98 o quilo), arroz (R$ 5,80 o quilo), macarrão (R$ 3,58 o pacote de 500g), cuscuz (R$ 2,50 de 500g), óleo de soja (R$ 8,00 de 900ml), carne bovina (R$ 45,00 o quilo), café (R$ 15,64 o pacote de 500g) e ovos (R$ 20,00 a bandeja de 30 unidades) para sustentar a sua família em plena pandemia da COVID-19.

O GLP é um produto de primeira necessidade e o Auxílio-Gás era de R$ 52,00 (hoje, R$ 60,00) a cada dois meses e já são cinco milhões de famílias brasileiras que recebem por meio do aplicativo do Auxílio Brasil e do Caixa Tem. É importante estar atentos a dicas para economizar o gás de cozinha pelos especialistas (por exemplos, evite a passagem de vento na cozinha, mantenha as bocas do fogão limpas e tampe as panelas), porque as famílias mais pobres são as mais afetadas com os atuais e futuros reajustes do GLP, que subiu 23,2% entre março de 2021 e março do ano do 2022 e é superior ao acumulado da inflação de 10,54%.

Conclui-se que a alta volatilidade do preço do barril de petróleo tipo Brent poderá levar o GLP de R$ 120,00 a custar até R$ 150,00 no próximo mês, em João Pessoa, uma das cidades mais belas e mais verdes do Brasil. Portanto, é hora de investir em empresas, negócios e ativos financeiros sustentáveis, porque somos uma potência na economia verde do Hemisfério Sul. Agora é hora do Brasil despertar o seu comprometimento com o meio ambiente produzindo e comercializando motos elétricas, carros elétricos, bicicletas elétricas, triciclos elétricos, painéis solares, enfim, produtos ecologicamente corretos e serviços verdes.

Nota: Artigo em parceria com a estimada aluna do Curso de Administração, no UNIESP, noturno, Alana da Silva Alexandre, e proprietária da revendedora de gás da Brasilgás e da Ultragaz, a Motinha Gás, localizada na Rua Raul Seixas, 24, Renascer, Cabedelo, PB, CEP 58108-122, Brasil, WhatsApp: (83) 98864-4537.

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB

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