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Paulo Galvão Júnior é economista, escritor, palestrante e professor de Economia e de Economia Brasileira no Uniesp

Gás de cozinha mais caro vai pesar no orçamento familiar em João Pessoa

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publicado em 20/06/2021 às 12h01
atualizado em 20/06/2021 às 09h04

A maior empresa do Brasil em vendas líquidas, a Petróleo Brasileiro Sociedade Anônima (S.A.), a Petrobras, com sede na cidade do Rio de Janeiro, anunciou em 11 de junho um novo reajuste no preço do Gás Liquefeito de Petróleo (GLP), um aumento de 5,9%. De janeiro até junho de 2021 já foram cinco reajustes não consecutivos pela Petrobras nas refinarias em todo o País. Primeiro reajuste foi de 6% em janeiro. Em fevereiro, reajustou 5,1%. Em março, a alta foi de 5,2%. Em abril, subiu 5%. Em maio, sem reajuste de preço. No acumulado do ano, o preço do GLP aumentou 27,2%.

O GLP é uma commodity energética internacional, é composto basicamente por dois gases extraídos do petróleo, o butano e o propano. As duas grandes justificativas para o atual reajuste do GLP P13, popularmente conhecido como gás de cozinha, no Brasil são: i) as variações na cotação do barril de petróleo em dólares americanos no mercado internacional; ii) as variações do dólar americano em relação ao real. Outras justificativas são as seguintes: i) a elevada tributação; ii) os custos de transporte; iii) o aumento do consumo das famílias de botijão de gás de cozinha de 13 quilos (kg), nos 26 estados e no Distrito Federal (DF), por causa das medidas de isolamento social em plena pandemia da COVID-19.

O novo aumento foi repassado pela Petrobras para as 19 distribuidoras do setor de GLP como Ultragaz, Supergasbras, Nacional Gás, Copagaz, Fogás, Consigaz e Gasball. A Liquigás em dezembro de 2020 foi adquirida pela Copagaz e pela Nacional Gás. Estas distribuidoras irão praticar o novo preço nas mais de 62.000 revendedoras nas cinco regiões do Brasil. São 34,4 milhões de GLP envasado em botijão de 13 kg consumidos mensalmente no País, segundo o Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Gás Liquefeito de Petróleo (SINDIGÁS). São 65,9 milhões de domicílios brasileiros utilizando GLP P13 (IBGE, 2019), mas o revendedor bandeirado ou independente que ainda tiver um grande estoque de GLP P13 e quiser praticar o preço antigo, pode fazer tranquilamente, pois o mercado é livre, competitivo e aberto.

As revendedoras não conseguem mais absorver o reajuste no preço de venda do botijão de gás de cozinha de 13 kg, sem repasse ao consumidor final. Infelizmente, na cadeia produtiva do GLP na décima segunda maior economia do planeta temos os tributos federais como o Programa de Integração Social (PIS), o Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público (PASEP) e a Contribuição para Financiamento da Seguridade Social (COFINS), ressaltando que o Governo Federal zerou a alíquota do PIS/PASEP e da COFINS em março de 2021, como também temos o tributo estadual como o Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação (ICMS), revelando que as alíquotas de ICMS são altas nos estados brasileiros e no DF.

Antes desse novo reajuste da Petrobras, o consumidor final poderia encontrar um botijão de gás comercializado a R$ 85 em João Pessoa. A composição do preço do botijão na capital paraibana era de margem bruta da Petrobras mais custos operacionais (R$ 42,05), tributos (R$ 12,07), margem bruta de distribuição mais custos operacionais (R$ 9,82) e margem bruta de revenda mais custos operacionais (R$ 21,06), conforme o SINDIGÁS. A cidade de João Pessoa encontrava-se em 15º lugar no Brasil, com preço médio de R$ 86,58, logo, o consumidor pessoense ainda leva vantagem se comparado a outras 14 capitais brasileiras, ao mesmo tempo, desvantagem comparativa com 12 capitais nacionais.

Em quatro capitais brasileiras, o preço médio do botijão de gás, um produto de primeira necessidade, já passou de R$ 100. João Pessoa ainda não atingiu esse preço médio de mais de cem reais, pois está próxima ao Porto de Cabedelo, tem uma forte concorrência entre as distribuidoras e as revendedoras disputando de forma acirrada pelo mercado local de GLP, sendo possível ainda manter um preço inferior ou igual a cem reais. É possível encontrar uma ou mais revendedora com preços que variam de R$ 80,00 a R$ 86,00 que ainda não aumentou o botijão de gás para os seus clientes. É possível constatar com preços altos e vendas fracas, várias revendedoras de gás de cozinha encerraram suas atividades econômicas desde a implantação da política de Preços de Paridade de Importação (PPI) praticada pela Petrobras em outubro de 2016.

O preço médio do botijão de gás de cozinha de 13 kg nas capitais brasileiras, entre 06 a 12 de junho de 2021, foram divulgados pela ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis) e as capitais mais caras estão em ordem decrescente, de acordo com o preço final ao consumidor: Cuiabá (R$ 103,34); Macapá (R$ 103,00); Rio Branco (R$ 102,70); Boa Vista (R$ 102,40); Porto Velho (R$ 98,67); Fortaleza (R$ 93,71); Belém (R$ 92,91); Palmas (R$ 92,79); Natal (R$ 92,70); Manaus (R$ 91,65); Florianópolis (R$ 90,00); Goiânia (R$ 90,00); Teresina (R$ 88,88); Vitória (R$ 87,83); João Pessoa (R$ 86,58); São Paulo (R$ 85,95); São Luís (R$ 85,49); Belo Horizonte (R$ 84,87); Curitiba (R$ 84,62); Porto Alegre (R$ 84,33); Maceió (R$ 82,82); Aracaju (R$ 82,47); Campo Grande (R$ 81,39); Brasília (R$ 79,88); Salvador (R$ 79,76); Rio de Janeiro (R$ 77,38); e Recife (R$ 77,28). O gás de cozinha é um produto de alta demanda pelas cinco classes econômicas do País, logo, o preço médio no Brasil ficou em R$ 89,01.

Esse novo reajuste da Petrobras significará um acréscimo de até R$ 5 no gás de cozinha para o consumidor final e poderá custar de R$ 90 até R$ 100 nas revendedoras em João Pessoa, em outras palavras, o preço corresponderá em torno de 8,18% a 9,09% do salário mínimo vigente no Brasil. Portanto, o botijão de gás está mais caro na capital paraibana, logo, vai pesar ainda mais no orçamento doméstico das famílias pessoenses, sobretudo, as mais pobres, que terão sérias dificuldades para comprar um produto essencial em sua residência, após 14 reajustes não consecutivos desde 2019.

Enfim, é muito importante economizar e pesquisar o preço antes de adquirir um botijão de gás de cozinha de 13 kg, à vista e sem taxa de entrega em seu domicílio em mais de 60 bairros de João Pessoa.

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB

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