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Paulo Galvão Júnior é economista, escritor, palestrante e professor de Economia e de Economia Brasileira no Uniesp

Perspectivas econômicas para 2021

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publicado em 25/12/2020 às 10h32

Com a guerra comercial entre os Estados Unidos e a China em 2019, as duas maiores economias do mundo, e com a pandemia mundial da COVID-19 em 2020, ambas ainda não cessaram, hoje, apresento as perspectivas econômicas para 2021 nos cenários internacional e nacional.

No cenário global temos agora um mundo com COVID-19, mas com vacinas eficientes contra o SARS-CoV-2 como a Sputnik V, desenvolvida pelo Instituto Gamaleya, da Rússia e a CoronaVac da empresa chinesa Sinovac. As projeções econômicas para o Produto Interno Bruto (PIB) mundial é de crescimento de 4,8% em 2021, de acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI). O PIB global deve crescer 4,2% em 2021, disse a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) em seu relatório Economic Outlook (Perspectiva Econômica). Ambas as projeções são de recuperação econômica rápida em forma de letra V.

O maior desafio da economia mundial no ano que vem é entender os novos rumos dos Estados Unidos. O pacote fiscal norte-americano na ordem de US$ 900 bilhões é o segundo maior pacote da história dos Estados Unidos (BLOOMBERG NEWS, 2020). Continuam os sérios impactos da pandemia da COVID-19 nos Estados Unidos, o país mais afetado no mundo, em número de mortes, com mais de 326 mil e em casos diagnosticados, com mais de 18,4 milhões (UNIVERSIDADE JOHNS HOPINKS, 2020). O bilionário Bill Gates (foto) recentemente disse à CNN: “Infelizmente, os próximos quatro a seis meses podem ser a pior parte da pandemia” (FORBES, 2020).

A China continuará sendo a locomotiva da recuperação econômica do PIB global no ano de 2021. É preciso estar bem atento aos próximos passos da Argentina, da Índia, do Irã e do Reino Unido no pós-BREXIT. O futuro econômico da economia mundial seguirá em turbulências com o agravamento do aquecimento global.

No cenário nacional continuamos sofrendo com o novo coronavírus nas cinco regiões do País. A pandemia da COVID-19 já provocou mais de 189 mil mortos e mais de 7,3 milhões de infectados em todo o Brasil (UNIVERSIDADE JOHNS HOPINKS, 2020). As perspectivas econômicas do FMI é que a economia brasileira crescerá 3,6% em 2021. As projeções econômicas do último Boletim FOCUS do BACEN é de recuperação econômica de 3,46% no próximo ano. Já para OCDE a projeção econômica é de 2,6%.

O emergente Brasil foi o terceiro país com mais gastos públicos em relação ao PIB para atenuar os impactos da pandemia do novo coronavírus, atrás apenas dos desenvolvidos Canadá e Japão (OCDE, 2020). O Brasil enfrentará significativos desafios no ano de 2021 e o maior desafio será o aumento da taxa de desemprego, sobretudo, no primeiro semestre de 2021. A taxa de desemprego alcançou um recorde de 14,2% em novembro de 2020, com 14 milhões de pessoas sem trabalho formal no Brasil (IBGE, PNAD COVI-19). Com o fim do Auxílio Emergencial de mais 67 milhões de pessoas, os possíveis impactos socioeconômicos são o aumento na procura de um trabalho formal, a queda no consumo de bens e serviços e cerca de 17 milhões de pessoas abaixo da linha da pobreza em 2021.

De acordo com o economista e um dos pais do Plano Real, André Lara Resende (2020), “O Brasil tem um potencial de mercado interno gigantesco”. O Brasil é um país rico e ocupa a nona colocação entre os dez países mais ricos do planeta (FMI, 2019), mas é mal administrado. O Brasil é um país de contrastes e ocupa a oitava posição entre os dez países mais desiguais do mundo (PNUD, 2020). Os dados demonstram um número estimado de moradores de rua que já passou de mais de 222 mil pessoas (IPEA, 2020).

Após o cenário de forte declínio de atividade econômica até o primeiro semestre de 2020 e de recuperação econômica no terceiro trimestre de 2020, com uma maior reabertura econômica no ano de 2021, os Governos Federal, Estadual e Municipal podem cortar gastos governamentais desnecessários como aluguéis de imóveis e de automóveis. É errado gastar mais do que se arrecada anualmente. É urgente, as reformas estruturantes no populoso Brasil, a reforma tributária e a reforma administrativa.

Não se brinca com a economia em tempos de pandemia. Com a inflação não se brinca. O aumento dos preços da energia elétrica, da gasolina, do botijão de gás, do cimento, dos alimentos, eles afetam a qualidade de vida do povo brasileiro. Com a manutenção da taxa SELIC de 2% ao ano na última reunião do COPOM de 2020, a menor da história do BACEN, o futuro da economia brasileira depende do crescimento do agronegócio e das estratégias para uma retomada econômica mais forte na indústria, principalmente na construção civil, e no serviço, sobretudo no turismo, para gerar novos empregos formais.

O continental Brasil tem enormes recursos naturais, todavia tem um déficit habitacional de 6,3 milhões de moradias, segundo a Fundação João Pinheiro (2020). A cada ano cresce consideravelmente a população em situação de rua nas capitais brasileiras. Vale destacar que a pandemia da COVID-19 evidenciou os principais problemas socioeconômicos como a desigualdade, a miséria e o precário acesso ao saneamento básico.

No cenário pós-pandemia, com as vacinas contra o SARS-CoV-2 da empresa americana Pfizer em parceria com a empresa alemã BioNTech, da empresa americana Moderna e da farmacêutica anglo-sueca AstraZeneca, é possível presenciar uma recuperação econômica ampla e consistente da economia mundial e da economia brasileira. Em suma, apontamos boas perspectivas econômicas, o PIB do Brasil crescerá entre 2,2% e 3,2% em 2021, já o PIB global será possível crescer entre 4,2% e 5,2% no próximo ano.

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB

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