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Paulo Galvão Júnior é economista, escritor, palestrante e professor de Economia e de Economia Brasileira no Uniesp

A pandemia da COVID-19 na Índia

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publicado em 13/11/2020 às 07h32

Atualmente, a Índia é o segundo país mais populoso do mundo, com 1,3 bilhão de habitantes, atrás apenas da vizinha China, com 1,4 bilhão de habitantes (ONU). A República da Índia está localizada no sul da Ásia e é o segundo país com maior número de casos de COVID-19 no planeta, com 8.683.916 casos, atrás dos Estados Unidos, com 10.400.942 casos, e a frente do Brasil, com 5.747.660 casos confirmados em 12 de novembro de 2020 (UNIVERSIDADE JOHNS HOPKINS).

Chama muita atenção a crise sanitária na milenar Índia, que tem 16,66% dos casos de COVID-19 no mundo, já são 52.169.165 infectados em 191 países. O elevado contingente de contaminados na Índia decorrem que milhões de pessoas vivem em favelas com sérios problemas de saneamento básico, são 600 milhões de pessoas sem água tratada (ONU), sem lavar as mãos. Milhões vivendo em péssimas condições de higiene, sem banheiro.

Chama muita atenção também o número de mortes pela COVID-19 na Índia, que tem 9,97% dos 1.285.187 mortos em todo o mundo pelo novo coronavírus. A Índia encontra-se em terceiro lugar com 128.121 óbitos, atrás dos EUA (241.800) e do Brasil (163.368). Talvez o número baixo de mortes em relação a população total esteja subestimado. Talvez a taxa de óbitos por 100 mil habitantes esteja subnotificada. Talvez o número de pessoas mortas nas ruas ou já cremadas e suas cinzas jogadas no caudaloso, poluído e sagrado rio Ganges não fazem parte das estatísticas oficiais do Ministério da Saúde.

O primeiro caso de COVID-19 na Índia foi em 30 de janeiro de 2020. Procurando encontrar uma, duas ou mais explicações, surge uma de que a comida repleta de especiarias aumentar a imunização. Outra explicação é a existência de trens hospitais que atendem rapidamente os pacientes infectados da COVID-19. Outra possível explicação é uma população muito jovem, com 44% do total com menos de 24 anos. Nova explicação foi o lockdown indiano na zona urbana (35% da população total) e zona rural (65%) que começou em 24 de março e terminou em 08 de junho. Outra explicação muito relevante e desconhecida dos economistas ocidentais é a diminuição de ruas imundas nas populosas cidades indianas, nos últimos 60 meses, com a construção de 110 milhões de banheiros públicos, no projeto Índia Limpa do governo do primeiro-ministro Narendra Modi (AFP). Ressaltamos os testes de COVID-19, a telemedicina e o uso de máscaras.

Um fato econômico importante e que chama muito atenção é que a emergente Índia foi abalada em sua economia de mercado. Entre abril e junho a retração econômica foi de 23,9% (BANCO MUNDIAL), a pior contração dos últimos 40 anos. A projeção do FMI é uma recessão econômica de 10,3% no ano de 2020, enquanto a do Banco de Reserva da Índia é uma contração de 9,5%. De 1991 até os dias de hoje, a Índia optou pela abertura econômica e foi uma das economias que mais cresceu nos últimos 25 anos, média de 7,0% ao ano. A Índia exporta bens como algodão, arroz e especiarias e serviços como software.

A moeda é a rupia indiana (a nota de 100 rupias indianas tem a efígie do líder da Independência da Índia em 1947, Mahatma Gandhi) e a participação dos trabalhadores no setor primário era de 43% da PEA, 27% no setor secundário e 30% no setor terciário. Entre maio e julho, mais de 122 milhões de pessoas perderam o seu emprego com o lockdown, conforme o Centro de Monitoramento da Economia Indiana. Revelamos que 100 milhões de pessoas são trabalhadores informais (OIT) nas ruas indianas.

A capital da Índia é Nova Délhi e a cidade mais populosa é Mumbai. A densidade populacional é alta, cerca 420 habitantes por quilômetro quadrado. A expectativa de vida ao nascer é de 69,4 anos (PNUD). O custo de vida é bem barato. O PIB per capita é baixo com US$ 8.378 (FMI). São 364 milhões de habitantes que vivem com menos de US$ 1,90 por dia (BANCO MUNDIAL). São 194 milhões de pessoas famintas (FAO). Os novos marajás são os empresários da TI, construção civil, telecomunicações, cinema e indústrias têxtil e farmacêutica. Os 1% mais ricos concentram 21,3% da renda total do país (PNUD).

A Índia é um país extremamente desigual e com alta taxa de pobreza extrema. O país asiático sofre muito com a pandemia da COVID-19 em seus 29 estados e 7 territórios da União. Faltam menos de 1,718 milhão de casos de COVID-19 para superar o país mais rico e o terceiro mais populoso do planeta. Infelizmente, esta triste liderança mundial será matéria de capa. A Índia já é o novo epicentro global do novo coronavírus. Os investimentos per capita em saúde na Índia são baixos e os indianos têm as mais altas despesas com a saúde no planeta (OMS). A pandemia da COVID-19 prejudicou muito o turismo internacional, os turistas estrangeiros não podiam viajar para a Índia durante o lockdown, cujo principal atrativo turístico é o Taj Mahal, em Agra, que só reabriu em 21 de setembro com rígidas precauções de segurança sanitária.

A vacina indiana COVAXIN contra o SARS-CoV-2 é muito importante no maior fabricante de medicamentos do mundo. Precisamos destacar o excelente trabalho dos médicos, enfermeiros e outros profissionais de saúde como os motoristas de ambulância na recuperação da COVID-19 no mundo. Na Índia mais de 8,0 milhões de pessoas se recuperaram da COVID-19 e no Brasil já foram mais de 5,2 milhões de pessoas (UNIVERSIDADE JOHNS HOPKINS). A maior democracia do planeta já vive uma segunda onda da COVID-19 e muitos morrem em casa ou nas ruas de Nova Délhi, Mumbai, Bangalore, Calcutá ou Goa. Com exceção, as cidades do estado de Kerala.

Em suma, a Índia é o sétimo maior país do mundo, com 3,2 milhões de quilômetros quadrados e a quinta maior economia do planeta, com o PIB de US$ 2,9 trilhões em 2019 (FMI), mas, encontra-se na 129ª colocação no ranking mundial do IDH, com 0,647, um IDH médio (PNUD). O Índice de Gini é de 35,7. A Índia é uma potência emergente e um dos países membros do grupo BRICS e do G20. Infelizmente, a COVID-19 e a fome provocarão mais mortes na Índia.

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB

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