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Delação aponta propina a campanha de Witzel

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publicado em 10/01/2020 às 13h09
atualizado em 10/01/2020 às 12h49
Governador afastado do Rio, Wilson Witzel - Foto: Sérgio Lima/PODER 360

A Operação Calvário, que levou a prisão o ex-governador da Paraíba, Ricardo Coutinho (PSB), abriu novas frentes de investigação na política do Rio de Janeiro e de São Paulo.

Homologado pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), um acordo de delação do dirigente da Cruz Vermelha, Daniel Gomes, cita caixa dois à campanha do governador do Rio, Wilson Witzel (PSC), que nega as acusações. A delação do lobista ainda cita propinas aos ex-deputados Cândido Vaccarezza (Avante-SP) e Leonardo Picciani (MDB-RJ), que envolveram o lobista Jorge Luz, delator da Operação Lava Jato.

Um dos anexos da delação, obtidos pelo Estado de S. Paulo, se refere a suposto caixa dois de R$ 115 mil à campanha de Wilson Witzel em 2018. Segundo Daniel, Robson dos Santos França, o Robinho, o então assessor do senador Arolde de Oliveira (PSD/RJ) – que já foi secretário de Transportes do Rio – se apresentou como intermediário e arrecadador da candidatura. “Me recordo que naquele ano, ROBSON me ajudou a receber de maneira mais célere créditos junto àquela Secretaria”.

Robinho foi exonerado do cargo de assessor em 18 de dezembro de 2019 após ser delatado por Daniel Gomes da Silva. O empresário diz ter estabelecido uma “relação de confiança” com Robson, e teria tratado ‘em diversos períodos eleitorais sobre ajuda financeira’.

“Assim aconteceu à época em que ele trabalhou nas campanhas do Arolde de Oliveira à Deputado Federal e, ainda, quando ele trabalhou na campanha do Antônio Pedro Índio da Costa à Prefeitura do Rio de Janeiro no ano de 2016, logo após assessorá-lo na Secretaria Municipal de Urbanismo, Infraestrutura e Habitação da Prefeitura no governo de Marcelo Crivella”.

“Robson e eu mantínhamos uma boa e confiável relação desde o nosso primeiro contato, motivo pelo qual eu sempre o ajudei nas campanhas, apostando nas vitórias dos candidatos que ele apoiava e visando facilidades na obtenção de eventuais contratos com o poder público no futuro”, narra o delator.

Em outubro de 2018, já no segundo turno, o delator diz ter sido procurado por Robson, que pediu recursos à campanha de Witzel. As tratativas foram, em parte, feitas pelo WhatsApp, e as mensagens foram entregues pelo empresário à Procuradoria-Geral da República.

“Robson enviou pelo aplicativo ‘WhatsApp’ (mensagens anexas) diversas fotos com o candidato Witzel e com Arolde , informações sobre o apoio ao candidato ao Governo do Estado, bem como me solicitou ajuda financeira para campanha, afirmando que Witzel tinha crescido muito nas pesquisas e que, se ele ganhasse a eleição, a ajuda financeira me abriria portas junto ao governo do estado”, disse.

O delator alega ter recebido uma promessa: “Me disse também que em conversas com membros da equipe pessoal do Witzel, que tinha poucas pessoas apoiando até então, e que na minha área de atuação (Saúde), teria bastante espaço para trabalhar, desde que ajudasse financeiramente nesse momento”.

Os milhares de reais entregues a Robson eram apelidados de ‘pessoas’. As cobranças eram feitas pelo próprio aplicativo.

Segundo Daniel Gomes, ele combinava a entrega das ‘cabeças’ a Robson, e quem viabilizava era sua secretária, Michelle Louzada Cardoso.

Em depoimento, Michelle confirma a versão e dá detalhes das entregas e sua operacionalização. Um dos encontros com Robson teria ocorrido na manhã de 8 de outubro, em um shopping no Recreio dos Bandeirantes, no Rio. Ela o conduziu até o estacionamento, onde havia estacionado seu carro, para pegar um computador e estabelecer uma conferência entre Daniel e Robson.

“Eu pude ouvir que Robinho explicava a Daniel que precisava de ajuda para campanha eleitoral do atual Governador Wilson Witzel, pois eu fiquei sentada ao lado aguardando o termino da conversa”, disse.

Em seu depoimento, Michelle Louzada afirma que, nesta data, encontrou Robson para uma entrega de R$ 50 mil no Mc Donald’s do Shopping Via Parque, na Barra da Tijuca. “Chegamos praticamente juntos ao local e nos sentamos nos fundos da loja, ocasião na qual entreguei o envelope contendo o valor e novamente Robinho me pediu para falar com Daniel”.

“Ouvi Robinho pedir a Daniel uma ajudar maior para a campanha de Wilson Witzel (ou seja, mais dinheiro), que ele seria muito grato, pois estava na reta final da campanha e precisando muito de recursos”, narra.

Ela ainda detalha outros dois encontros com Robson, para entregas de R$ 50 mil e R$ 15 mil nos dias 19 e 26 de outubro.

Informações do Estado de S. Paulo 

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