João Pessoa, 02 de setembro de 2013 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
Aliada do regime de Bashar Assad, a Rússia rejeitou nesta segunda-feira as evidências apresentados pelos Estados Unidos nos últimos dias que provariam que o ataque químico em Damasco partiu do governo sírio. "Mostraram relatórios que não continham nada concreto: nem coordenadas geográficas, nem nomes, nem provas que as amostras foram recolhidas por profissionais", declarou o ministro das Relações Exteriores Sergei Lavrov. O político acrescentou que, quando a Rússia solicitou detalhes concretos sobre as investigações, os EUA se recusaram a entregar alegando que os documentos são secretos.
A resistência russa em admitir que o ditador sírio usou armas químicas contra civis acontece após uma enxurrada de novas revelações que enfraquecem a versão de que os rebeldes teriam feito o ataque para incriminar Assad. No domingo, o chanceler americano John Kerry afirmou que amostras de cabelo e sangue das vítimas do massacre deram resultado positivo para gás sarin. Dias antes, os EUA já haviam culpado Assad pelo ataque que, segundo a inteligência americana, matou 1 429 sírios. Ontem, a imprensa francesa revelou que os serviços de inteligência do país teriam provas de que o regime de Damasco possui 1 000 toneladas de armas químicas e agentes tóxicos.
Diante das evidências, Barack Obama decidiu, no sábado, pedir permissão ao Congresso americano para realizar uma intervenção militar na Síria. As novas revelações, no entanto, não foram suficientes para mudar o posicionamento da Rússia. “O que nos foi apresentado antes e mais recentemente pelos nossos parceiros americanos, assim como britânicos e franceses, absolutamente não nos convence”, insistiu Lavrov. O ministro russo chegou até a contestar a veracidade dos vídeos veiculados na internet que mostram o sofrimento das vítimas dos bombardeios do regime, argumentando que ainda há “muitas dúvidas” sobre a procedência das imagens.
Os agentes dos nervos
Os gases nervosos são os agentes químicos de efeito mais rápido e tóxico. Segundo o Centro para Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos, eles atacam o sistema neurológico impedindo o funcionamento correto de uma enzima chamada acetilcolinesterase, ligada a um neurotransmissor responsável pela ativação de músculos. Dependendo da quantidade de gás, os efeitos vão do corrimento nasal, falta de ar e salivação e sudorese excessiva até convulsões, vômitos, defecação e micção involuntária, paralisia, coma e morte.
Os agentes nervosos são líquidos na condição ambiente, mas costumam ser usados na forma de vapor ou aerossol e dispersados pelo ar, pois assim seu efeito é mais rápido, generalizado e letal. A maioria dos gases dos nervos – com exceção do VX -, se dissipa muito rapidamente no ambiente, permitindo que sejam usados sem danificar permanentemente o terreno. Assim, as tropas do exército que está realizando o ataque podem invadir a área pouco tempo depois.
Os gases podem ser armazenados já em sua forma final, mas isso é considerado perigoso pelos especialistas. Um modo mais seguro é armazenar os reagentes a partir dos quais os agentes nervosos são feitos, que não são perigosos em seu estado natural. Essa técnica, que é conhecida como tecnologia binária, permite que os componentes sejam misturados já dentro do míssil, instantes antes do ataque.
Os agentes nervosos foram sintetizados para serem usados como inseticidas, mas, quando sua alta toxicidade foi descoberta, passaram a ser controlados rigidamente. Hoje, são considerados armas de destruição em massa. São quatro os mais conhecidos:
ZONA AZUL - 22/09/2025