João Pessoa, 21 de agosto de 2016 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, atribuiu ao Estado Islâmico (EI) o atentado suicida que matou pelo menos 51 pessoas e feriu outras 69 ontem na cidade de Gaziantep, no Sul da Turquia. Segundo o presidente, um adolescente entre 12 e 14 anos se explodiu no meio de pessoas que dançavam na rua, em uma festa de casamento, segundo o governo. Este é o ataque a bomba com maior número de vítimas fatais durante este ano no país, que enfrenta ameaças de combatentes em seu território e nas suas fronteiras com a Síria.
A celebração já estava no final e algumas famílias já tinham deixado a festa quando uma explosão atingiu quem ainda estava no local. Havia mulheres e crianças entre os mortos, segundo o relato das vítimas.
Marcas de sangue e queimaduras deixaram marcas nas paredes da pequena rua estreita onde acontecia a festa. Autoridades afirmam ter encontrado o colete de explosivos do homem-bomba no local. Um jornalista relatou que a explosão foi ouvida de diversas partes da cidade.
— Havia sangue e partes de corpos por todo lugar — disse Veli Can, de 25 anos.
Erdogan afirmou neste domingo que o Estado Islâmico era o “mais provável autor do ataque em Gaziantep”. O presidente ainda disse que não há nenhuma diferença entre o grupo jihadista, os rebeldes curdos e o movimento ligado ao clérigo Fethullah Gulen, que mora nos EUA e é acusado de liderar a tentativa de golpe militar contra o governo no mês passado.
No sábado, o número de mortos havia sido estipulado pelo governo em 30, além de outras 94 pessoas feridas. Neste domingo, o índice foi elevado a 50 pelas autoridades em um comunicado. Outros feridos permanecem hospitalizados na província, dos quais 17 estão em estado grave.
A noiva e o noivo sobreviveram ao ataque, embora ele tenha sido ferido. A festa era uma noite tradicional em que a família da noiva oferece uma festa antes da cerimônia de casamento.
— Foi uma atrocidade — disse Ibrahim Ozdemir, uma testemunha do ataque. — Nós queremos pôr fim a estes massacres. Nós estamos sofrendo, especialmente as mulheres e crianças.
Ao menos 12 pessoas foram enterradas neste domingo. Outros funerais teriam que esperar porque seria necessário fazer testes de DNA para identificar as vítimas, muitas das quais tiveram seus membros separados pela explosão.
Citando razões de ordem pública e segurança nacional, autoridades turcas determinaram que os veículos de comunicação devem limitar temporariamente a cobertura do atentado, sem publicar nada que possa causar “medo, pânico e desordem na população e que possa servir aos objetivos de organizações terroristas”. A decisão inclui informações e imagens do momento da explosão, do local do atentado, do trabalho de autoridades públicas e de mortos ou feridos — além de análises ou informaçõe sobre os suspeitos e a investigação.
A cidade de Gaziantep, perto da fronteira com a Síria, é conhecida por abrigar diversas células do EI. Segundo a rede BBC, a localidade de 1,5 milhão de habitantes já estava em alta tensão por causa dos recentes eventos na Síria, onde o grupo extremista tem entrado em confrontos com as forças sírias curdas.
O Partido Democrático do Povo (HDP, na sigla em turco) afirma que o casamento era de um dos seus membros. Há relatos na imprensa local de que o casal havia se mudado da cidade curda de Siirt, mais ao Leste, para Gaziantep na tentativa de escapar dos confrontos entre os rebeldes curdos e as forças de segurança.
Este é o ataque com o maior número de vítimas fatais deste outubro do ano passado, quando homens-bomba mataram 100 pessoas ao atacar um protesto pró-curdo e ativistas do lado de fora da maior estação de trem de Ancara. Em junho, três suspeitos terroristas do Estado Islâmico mataram 44 pessoas com explosões no principal aeroporto de Istambul.
G1
DIZ MP - 06/10/2025