João Pessoa, 04 de outubro de 2025 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
Se permita o alívio de ser imperfeita. Parece simples, mas é um dos maiores aprendizados da vida. A gente cresce ouvindo que tem que acertar sempre, que tem que corresponder, que tem que dar conta de tudo. E, nessa cobrança, o que sobra para nós? Um cansaço escondido atrás de sorrisos treinados.
Ser imperfeita não é fracassar. É apenas existir de forma verdadeira. É acordar um dia sem vontade de sorrir e não se sentir culpada por isso. É chorar porque doeu, sem precisar dar explicação. É tropeçar nos próprios caminhos e, ainda assim, continuar caminhando.
As pessoas têm mania de acreditar que perfeição é sinônimo de valor. Mas perfeição é só um disfarce que sufoca. Ninguém aguenta viver de aparência por muito tempo. O corpo cobra, a alma pede espaço, e a vida se encarrega de mostrar que a beleza não está no impecável, mas no humano.
E ser humano é contradizer-se, é mudar de ideia, é errar tentando acertar lutando, vencendo. É falhar em alguma coisa e descobrir, mais tarde, que justamente aquele “erro” abriu uma porta que jamais teria sido vista de outra forma. Quantas vezes o que parecia perda não se transformou em recomeço?
Há um alívio imenso em largar a obrigação de ser perfeita. Ninguém é perfeito. Você descobre que pode rir de si mesma, que pode dizer “não sei” sem se sentir menor, que pode recomeçar quantas vezes for preciso. A vida não é estar inteira o tempo todo. Às vezes aos pedaços. É sobre juntar esses pedaços e, ainda assim, escolher dançar.
Quando nos permitimos ser imperfeitas, também nos tornamos mais leves com o outro. Porque entendemos que cada pessoa também carrega suas lutas, suas quedas e suas cicatrizes. E, nesse encontro de imperfeições, nasce uma humanidade bonita, que acolhe em vez de julgar.
O que fica não é a imagem perfeita que tentamos construir, mas a verdade de quem fomos. E a verdade é cheia de ranhuras, de falhas, de caminhos tortos. Mas é justamente isso que nos torna únicos, inteiros naquilo que somos.
Respire fundo. Solte as cobranças. Ria das suas próprias trapalhadas. Se abrace nas suas falhas. Permita-se. Porque há um alívio sagrado em reconhecer: eu não sou perfeita e nem preciso ser.
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NA CÂMARA - 02/10/2025