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Graduada em direito e pós graduada em direito criminal e família, membro da academia de letras e artes de Goiás, tenho uma paixão pela escrita Acredito no poder das palavras para transformar realidades e conectar pessoas

As plantas

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publicado em 01/09/2025 ás 07h31

As árvores como diz Arnaldo Antunes, são fáceis de achar, vivem grudadas no chão, são as árvores da vida.

No começo, era só uma samambaia na varanda. Depois veio um cacto pequeno, presente de aniversário. “Quase não precisa de cuidado”, disseram. Mentira. Ele exigia luz, mas não podia ser demais; água, mas nem pensar em exagerar. O cacto era praticamente um filho adolescente disfarçado de planta.

De repente, sem perceber, a casa virou um jardim. Cada planta com uma história: a que ganhou da tia, a que trouxe da feira, a que salvou do lixo. Algumas resistiam heroicamente ao esquecimento, outras morriam com um drama de novela — de um dia para o outro, desmaiadas.

Ele achava graça: “Você conversa com elas?”
— Converso, ué. — ela dizia. — Elas são vivas.
— Mas não respondem.
— Respondem sim, só que você não entende a língua.

E foi aí que ele percebeu. Talvez a vida fosse isso: cuidar de coisas que não respondem, que não agradecem, que às vezes morrem mesmo com todo esforço, mas que, no processo, fazem a casa parecer menos vazia.

As plantas eram um lembrete silencioso de que tudo o que vive exige alguma forma de atenção — e que até o amor, às vezes, precisa de um pouco de sol e água para não secar.

Vidas secas, vidas cheias e as plantas dançam no vento que vem da varanda

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB

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