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Jornalista paraibano, sertanejo que migrou para a capital em 1975. Começou a carreira  no final da década de 70 escrevendo no Jornal O Norte, depois O Momento e Correio da Paraíba. Trabalha da redação de comunicação do TJPB e mantém uma coluna aos domingos no jornal A União. Vive cercado de livros, filmes e discos. É casado com a chef Francis Córdula e pai de Vítor. E-mail: [email protected]

Asas de Abel

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publicado em 29/06/2025 ás 08h09
atualizado em 29/06/2025 ás 16h30

Asas de Abel

Nem Caim, nem Abel, o Silva, não o jovem compositor capixaba de 34 anos que eu adoro, mas o Abel Silva, oitentão. Abel Ferreira da Silva (foto)  é carioca da gema, nasceu em 1945. Compositor e escritor, começou a carreira musical em meados dos anos 1960, época em que ainda era estudante de Letras… tantas letras incríveis ele fez e musicou. É, mas essa maneira de começar um texto lembra uma desconhecida escritora paraibana, que escreve no formato redações colegiais.

Como pode Abel Silva a nos sincopar com esta história de o amor ser  o elo da partida? Se em ´Asas ´, ele canta que ´são asas da imaginação, a dor voa mas volta sempre e pousa em meu coração. Voa gaivota breve, voa leve, que o mar tem alma secreta, e guarda a carne dos peixes, a solidão do poeta´É demais.

A letra sugere uma tentativa de preencher o vazio através de lembranças e da aceitação das perdas.  Próximo e distante Abel Silva escreveu e Fagner musicou ´Asas´, os recados dessa canção.

Ainda seguimos Abel, das vezes que ressuscitamos e a mesma cópula sagrada e parece-me que há algo mais em ´Asas ´, se nem porto, porteira temos, nada a  medir a expansão da música, pois, nessa distância, somos apenas ouvintes, outros mortos..

Seguimos Abel sem essa indicação de uns para os outros, em busca das coisas menos ofensivas, do sim e do não, porque a música há de nos salvar.

Como pode tanta prosa bonita, onde Abel nos faz cantar tudo quanto possamos compartilhar com canções como ´Jura Secreta´, dele e Suely Costa, gravada por Simone.

´Só uma coisa me entristece,

o beijo de amor que não roubei,

a jura secreta que não fiz,

a briga de amor que não causei.

Nada do que posso me alucina,

tanto quanto o que não fiz,

nada do que quero me suprime,

do que por não saber inda não quis.´

São canções da vida toda, ilusões à toa, rosas e espinhos, mas está aí a total falta de atenção, ninguém lê mais nada, ninguém sequer escuta uma boa canção. Mete a Alexa na sala e se faz sala sem nenhuma percepção.

Já não temos mais tempo, sequer despedidas. Nem narcisos, nem concisos, já não existem mais  bons compositores  brasileiros.

Com afinco, finco, foco nos vasos das flores antigas do Vandré e tanta gente não muda uma planta de lugar e quem nunca viu milagres como Caetano Veloso, se os deuses estão sempre a brotar, tambor de todos os ritmos.

Pelos sinais, sequer olé, olá.  Abel Silva  colocou “Festa do Interior”, na boa de Gal Costa, “Jura Secreta”, na boca de Simone “Coração Aprendiz”, que Leila Pinheiro também gravou e tantas outras canções.

Por onde andará Stephen Fry, Zeca Baleiro?

Kapetadas

1 – Os caras aí se revoltam com obviedades

2 – O cara parece uma garrafa de Dreher e quer ditar o que alguém pode ou não fazer

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB

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