João Pessoa, 22 de junho de 2025 | --ºC / --ºC Dólar - Euro

ÚltimaHora
Bacharel, Especialista e Mestre em Administração (UFPB/UNP). Mestre Internacional em Comportamento Organizacional e Recursos Humanos (ISMT – Coimbra/Portugal). Especialista em Neurociências e Comportamento (PUC-RS) e em Inovação no Ensino Superior (UNIESP). Membro Imortal da Academia Paraibana de Ciência da Administração (Cadeira 28). Professor universitário (UNIESP), consultor empresarial, palestrante e escritor best-seller da Amazon. E-mail: [email protected]

Aprender a Dizer Não Sem Se Sentir Culpado

Comentários: 0
publicado em 22/06/2025 ás 08h11

Dizer “não” nunca foi fácil. Desde pequenos, aprendemos que negar algo pode afastar, magoar ou gerar conflito. E, por medo da rejeição, muita gente acaba dizendo “sim” quando, na verdade, queria muito dizer “não”. A consequência disso, na maioria das vezes, é um sentimento de raiva silenciosa, de frustração engolida, de cansaço emocional. É como se cada “sim” forçado fosse um “não” para si mesmo e ninguém aguenta viver negando a própria vontade por muito tempo.

Essa dificuldade tem raízes profundas. Somos seres sociais, programados para sobreviver em grupo. Na pré-história, ser rejeitado pelo bando significava ficar vulnerável. Hoje, claro, não somos mais caçadores em florestas, mas o medo de desagradar continua vivo, especialmente para quem tem uma personalidade mais solícita. Quando dizemos “sim” para agradar, muitas vezes o fazemos por medo de sermos vistos como egoístas ou ingratos. Só que isso tem um preço alto: o de viver em desacordo com o que realmente queremos.

Aprender a dizer “não” com empatia é um ato de coragem. Não se trata de ser duro, frio ou insensível, mas de encontrar uma maneira honesta de se posicionar sem ferir o outro. O autor António Sacavém propõe o chamado “não positivo”, uma técnica simples e eficaz que envolve três etapas: acolher, justificar e propor uma solução conciliadora. Assim, você mostra que compreende a necessidade do outro, expõe sua limitação e ainda oferece uma alternativa que demonstra consideração.

Por exemplo, se um colega de trabalho te pede ajuda em um momento que você está sobrecarregado, o “não positivo” pode ser: “Entendo que você esteja com urgência nisso e sei que é importante para você, mas também tenho uma entrega urgente nesse momento. Assim que finalizar, posso te ajudar com o que ainda faltar. Pode ser?” Nessa abordagem, o “não” vira uma ponte, não um muro. É um jeito de respeitar seus próprios limites sem romper com o outro.

As mulheres, culturalmente, enfrentam ainda mais essa dificuldade. Desde cedo, são ensinadas a serem agradáveis, prestativas, “boazinhas”. Isso cria um padrão perigoso, em que a vontade própria é colocada em segundo plano. Em situações mais graves, como relacionamentos afetivos, essa dificuldade em dizer “não” pode comprometer a saúde emocional e física, como apontam especialistas que estudam o impacto da negação em temas como o uso de preservativos ou a tolerância a situações abusivas.

Mas é importante lembrar: dizer “não” não é o mesmo que ser rude. E dizer “sim” o tempo todo não é sinônimo de bondade. A verdadeira generosidade nasce do equilíbrio. Quando dizemos “não” com verdade e respeito, estamos dizendo “sim” para nossa integridade. E isso também é um presente para o outro, que passa a lidar com alguém autêntico, confiável, inteiro. As relações, inclusive, tendem a ficar mais leves e sinceras quando há clareza de intenção.

O problema não é dizer “sim”. O problema é dizer “sim” sempre, mesmo quando estamos exaustos, desconectados de nós mesmos. Quando isso acontece, acumulamos raiva e, em algum momento, essa raiva transborda. Por isso, é importante se observar. Quando você aceita um pedido, está fazendo isso por vontade genuína ou por medo de desagradar? Saber a resposta já é um primeiro passo para transformar essa dinâmica.

A arte de dizer “não” passa, inevitavelmente, pelo autoconhecimento. Quanto mais sabemos dos nossos limites, valores e prioridades, mais fácil fica perceber quando é preciso se posicionar. O difícil é fazer isso com afeto. Mas é possível. E, com o tempo, a prática se torna natural. Acredite: as pessoas percebem quando um “sim” vem do coração e quando é dito apenas por obrigação. E também aprendem a respeitar quem tem coragem de se posicionar com firmeza e gentileza.

Então, da próxima vez que se sentir pressionado a aceitar algo que não quer, respire. Acolha o outro, explique sua posição e proponha uma alternativa. Pode parecer simples, mas esse gesto carrega um poder transformador. Porque dizer “não”, quando necessário, não afasta aproxima de si mesmo. E é daí que nascem as relações mais saudáveis. Você tem se dito “sim” com a mesma frequência que diz “sim” para os outros?

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB

[ufc-fb-comments]

MaisTV

Cuité aposta em “forró de verdade” em São João que promete reunir 100 mil pessoas

SÃO JOÃO NA 'HORA H' - 20/06/2025

Opinião

Paraíba

Brasil

Fama

mais lidas