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Bacharel, Especialista e Mestre em Administração (UFPB/UNP). Mestre Internacional em Comportamento Organizacional e Recursos Humanos (ISMT – Coimbra/Portugal). Especialista em Neurociências e Comportamento (PUC-RS) e em Inovação no Ensino Superior (UNIESP). Membro Imortal da Academia Paraibana de Ciência da Administração (Cadeira 28). Professor universitário (UNIESP), consultor empresarial, palestrante e escritor best-seller da Amazon. E-mail: [email protected]

Planeje ou apague incêndios  

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publicado em 15/06/2025 ás 08h07

Empreender sem planejamento é como dirigir à noite com os faróis apagados. Você até pode avançar alguns metros, mas a qualquer momento pode bater. No início do negócio, a empolgação costuma tomar conta. A vontade de começar logo, de fazer acontecer, de conquistar clientes. Mas sem planejamento, essa energia se perde. O empreendedor passa a correr atrás de problemas em vez de evitá-los. E o que poderia ser uma jornada promissora vira uma sequência de sustos, improvisos e prejuízos. Na Paraíba, muitos negócios fecham não por falta de talento ou esforço, mas por ausência de um plano claro.

Planejar não significa engessar. Significa preparar. É olhar para o que se quer alcançar, mapear os recursos que se tem, prever os riscos e definir as ações para cada etapa. Um bom planejamento começa com perguntas essenciais: qual o meu objetivo? Para quem estou vendendo? Qual o custo real do que ofereço? Como vou divulgar? Qual o meu diferencial? Essas perguntas podem parecer óbvias, mas são frequentemente ignoradas. E quando a realidade bate à porta, o empreendedor percebe que está perdido no próprio negócio.

Na prática, o planejamento ajuda a antecipar decisões. Quem já sabe qual é seu público, evita gastos desnecessários com estratégias que não funcionam. Quem conhece seus custos, não cai na armadilha de vender no prejuízo. Quem estabelece metas, consegue medir se está indo na direção certa. É como um mapa: mesmo que o trajeto mude no caminho, você tem uma noção clara de onde quer chegar. E isso faz toda a diferença nos dias difíceis.

Um bom plano também considera cenários alternativos. E se as vendas forem menores do que o esperado? E se os custos aumentarem? E se o fornecedor atrasar? Ter um plano B ou até um plano C é sinal de maturidade, não de pessimismo. Na Paraíba, especialmente em regiões onde o comércio é muito afetado por sazonalidades e eventos locais, estar preparado para altos e baixos é fundamental. Planejar também é proteger o seu sonho.

Outro aspecto é o planejamento financeiro. Muitos empreendedores misturam dinheiro pessoal com dinheiro do negócio, não registram entradas e saídas, não têm controle de estoque, nem sabem quanto precisam vender para ter lucro. Sem esse controle, o negócio pode parecer saudável, mas estar sangrando por dentro. É preciso encarar os números de frente. Aprender a fazer fluxo de caixa, calcular ponto de equilíbrio, analisar margem de contribuição. Não é difícil, mas exige disciplina e constância.

O planejamento também passa pelo marketing. Muitas empresas gastam em redes sociais sem ter uma estratégia. Postam de tudo, para todos, sem clareza de identidade. Um bom plano de marketing define quem é seu público, quais canais usar, que tipo de conteúdo produzir e como se diferenciar. É melhor ter um pequeno público que se engaja de verdade do que milhares de seguidores que ignoram sua marca. Planejamento aqui é foco.

Outro ponto importante é o planejamento operacional. Desde a logística de entrega até o atendimento ao cliente, tudo pode e deve ser pensado antes. Quem planeja, cria rotinas, define padrões, evita retrabalho. Isso economiza tempo, melhora a experiência do cliente e fortalece a reputação da empresa. Pequenos detalhes planejados fazem grande diferença na percepção do serviço. Um agendamento que funciona, um prazo que é cumprido, uma resposta rápida. Tudo isso fideliza.

Planejar também envolve cuidar da própria saúde mental. Empreendedores que não se organizam tendem a viver em estado de urgência, levando o corpo e a mente ao limite. Um bom planejamento permite reservar tempo para descansar, estudar e conviver. Equilibrar vida pessoal e profissional é mais fácil quando o negócio tem direção. Isso não é luxo. É estratégia. Cuidar de quem cuida do negócio é uma das decisões mais inteligentes que se pode tomar.

É importante lembrar que o plano não é um documento engessado. Ele deve ser revisto, ajustado, adaptado à medida que o negócio evolui. As metas mudam, os contextos mudam, os aprendizados se acumulam. Mas quanto mais se planeja, menos se improvisa. E menos improviso significa menos risco, menos desperdício, menos frustração. Planejamento é a ponte entre o sonho e a realidade.

Portanto, antes de abrir sua empresa ou dar o próximo passo, pare um momento para planejar, escrever, perguntar, simular e organizar. Porque, se você não tiver tempo para planejar, mais cedo ou mais tarde terá que encontrar tempo para apagar incêndios e, nesse corre-corre, muitos bons negócios se perdem. O sucesso de um empreendedor começa antes da primeira venda: começa no papel, na mente, na atitude de quem entende que sonho bom é aquele que sabe para onde vai.

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB

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