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A área de Gestão de Pessoas tem passado por profundas transformações no Brasil, impulsionadas por avanços tecnológicos, novas exigências do mercado e mudanças no comportamento dos colaboradores. Em minha estreia como colunista no Portal Mais PB, compartilho com você um panorama atual com base em dados recentes de instituições reconhecidas, revelando os principais desafios e tendências que impactam diretamente o setor.
Segundo levantamento da Sólides (2025), 74,8% das empresas brasileiras ainda operam predominantemente no modelo presencial. Esse dado reforça uma tendência apontada também pela Great Place to Work (GPTW), que mostra que 51% dos profissionais voltaram a trabalhar cinco dias por semana no escritório. No entanto, empresas totalmente presenciais enfrentam mais dificuldades para contratar: 68% relataram problemas em preencher vagas, contra 53% das híbridas e apenas 38% das remotas (GPTW, 2024).
Outro dado relevante aponta para a crescente atenção à saúde mental e ao bem-estar no ambiente corporativo. Conforme o portal SAP Concur Brasil, o bem-estar emocional está diretamente associado à produtividade, e lideranças com empatia têm sido um diferencial nas organizações mais saudáveis (Concur, 2024).
A transformação digital também avança no setor. Cerca de 43,6% das empresas já utilizam inteligência artificial em processos como avaliação de desempenho, segundo a Mundo RH. No entanto, apenas 2 em cada 10 profissionais utilizam ferramentas de IA como o ChatGPT no dia a dia, segundo a Sólides. Isso mostra que, embora a tecnologia esteja disponível, ainda existe um caminho a percorrer na sua integração plena nas rotinas da área.
Em meio à escassez de talentos, a prioridade em muitos processos seletivos tem sido a contratação por perfil comportamental, com desenvolvimento técnico posterior. É o que aponta uma pesquisa do portal ComunicaRH, reforçando a importância de competências como resiliência, colaboração e empatia em um cenário de mudanças rápidas.
Apesar dos avanços, o nível de engajamento dos colaboradores ainda é baixo. Um levantamento citado pela plataforma Flash revela que 60% dos profissionais no Brasil não estão engajados com suas empresas. Isso exige estratégias mais eficazes de valorização humana, comunicação interna e liderança inspiradora.
Embora 66,8% das empresas ainda reconheçam a diversidade e inclusão como pauta estratégica, a GPTW identificou uma redução no foco dessas ações nas agendas organizacionais. Essa diminuição é preocupante, já que ambientes diversos são comprovadamente mais inovadores e produtivos.
Por fim, o Gartner apontou o desenvolvimento de líderes como uma das cinco principais prioridades de RH para 2025. A habilidade de liderar com humanidade, inteligência emocional e visão estratégica será crucial em um mundo corporativo cada vez mais volátil.
O panorama da gestão de pessoas no Brasil revela um setor em transição. O equilíbrio entre tecnologia e humanização, o fortalecimento das lideranças, a promoção de saúde mental e a valorização da diversidade são peças-chave para o sucesso organizacional. Como educador e profissional da área, acredito que o futuro do trabalho será construído por líderes conscientes, equipes bem-cuidadas e ambientes que respeitem a dignidade humana.
* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB
QUALIDADE DE VIDA - 24/04/2025