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Pesquisador no LIM do CI- UFPB | Docente no UNIESP | Consultor Empresarial | Head de Marketing | Branding strategy | Marketing Growth Hacking

Crônica de São João

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publicado em 09/06/2025 ás 07h00
atualizado em 08/06/2025 ás 16h43

Dizem que o Natal é em dezembro, com neve nas vitrines, luzes piscando nos shoppings e rabanada na mesa. Mas quem conhece o Nordeste, e mais ainda a Paraíba sabe que aqui, o verdadeiro Natal acontece em junho. Não tem Papai Noel nem pinheiro enfeitado, tem chapéu de palha, tem sanfona, tem milho assado e bandeirolas tremulando no céu. É o São João, o Natal do Nordeste.

E se há um endereço que concentra essa magia, é Campina Grande, no coração da Paraíba, a cidade vira um grande arraial, onde o povo se arruma, as ruas se vestem de cor, e a alegria invade o corpo como quem reencontra um velho amigo. A festa é emoção e memória, mas também é estratégia e mercado. Porque além da fé e da tradição, o São João movimenta marcas, aquece a economia e transforma cultura em valor de mercado.

Na Vila Sítio São João, por exemplo, a experiência é completa: não se trata apenas de um local de visitação, mas de um palco onde a memória afetiva encontra inovação. Lá, o turista vivencia o sertão de antigamente, com casa de taipa, engenho, igreja e sanfona, enquanto consome produtos locais, ativa marcas nacionais e regionais e entra num ecossistema onde branding e tradição andam de mãos dadas.

As empresas sabem: no São João, quem não se faz presente, perde relevância, por isso, investem em ativações que respeitam a cultura local, mas também promovem seus valores. Patrocinam festas, estampam embalagens com xilogravuras, criam campanhas com linguagem regional e lançam produtos temáticos. O São João é, sim, coração, mas também é estratégia. Um palco onde marcas se reposicionam, onde o marketing de experiência se fortalece e onde o consumo ganha contornos emocionais.

Movimentam-se milhões em Campina Grand, da pequena costureira que faz vestidos de chita aos grandes nomes do agronegócio que aproveitam a festa para fortalecer sua presença. O São João gera empregos, ativa o turismo, aquece o comércio, impulsiona a gastronomia e fortalece o orgulho local. É PIB e é pertencimento, é capital cultural que se transforma em capital econômico, sem perder o compasso da zabumba.

Porque é isso que torna o São João tão especial, ele não se vende, ele se afirma. Campina Grande não celebra apenas uma data. Celebra o próprio espírito de um povo, e convida marcas, visitantes e investidores a fazerem parte dessa roda. Em cada passo de dança, em cada fogueira acesa, em cada campanha que respeita o sotaque e valoriza a raiz, há uma mensagem clara: o São João é de um povo potente. 

E como toda potência, pulsa. Gira. Transforma. Com fé, com trabalho, com forró e com futuro.

Amém. E viva São João!

Alessandro Pinon 

CEO da APM estratégico 

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB