João Pessoa, 28 de maio de 2025 | --ºC / --ºC Dólar - Euro

ÚltimaHora
Pesquisador no LIM do CI- UFPB | Docente no UNIESP | Consultor Empresarial | Head de Marketing | Branding strategy | Marketing Growth Hacking

Esgotamento das Redes e o Futuro Está nas Comunidades

Comentários: 0
publicado em 28/05/2025 ás 10h44
atualizado em 28/05/2025 ás 12h52

Sabe aquele sentimento de cansaço quando você abre seu Instagram, seu TikTok ou qualquer rede social? Pois é… você não está sozinho, estamos vivendo um fenômeno silencioso, mas extremamente perceptível: o esgotamento das redes sociais digitais.

O que antes era sinônimo de conexão, entretenimento e até pertencimento, hoje se mostra um ambiente saturado. A lógica do conteúdo a qualquer custo começa a apresentar rachaduras, menos curtidas, menos comentários, menos vontade de estar ali. A sensação é de que tudo virou barulho muito ruído e pouco significado.

Não é uma percepção individual, pesquisas de mercado já captam esse movimento, as próprias plataformas estão percebendo essa baixa no engajamento. O comportamento das pessoas mudou, e não é difícil entender o porquê, existe uma busca crescente por descanso mental, pausas digitais e, principalmente, por experiências mais reais, físicas e presenciais.

Quem já vinha observando esse movimento com atenção não se surpreende, o Manifesto do Marketing do Futuro, de Silvio Meira e Rosário Pompeia, já fazia esse alerta há alguns anos: o modelo baseado na hiperexposição, na busca desenfreada por alcance e na dependência dos algoritmos não se sustenta mais.

Eis que surge, ou melhor, ressurge com força um conceito que está mudando completamente a lógica do mercado, do consumo e da comunicação: o senso de comunidade.

Mas atenção, comunidade não é grupo de WhatsApp, nem perfil no Instagram com muitos seguidores, comunidade é sobre pertencimento, sobre criar um espaço onde pessoas compartilham interesses, valores e constroem juntas experiências, soluções, ideias e até produtos.

E isso não é teoria já é prática de mercado. Um dos maiores cases do mundo é o da LEGO, que transformou sua base de fãs na comunidade LEGO Ideas. Nela, qualquer fã pode propor a criação de novos produtos, se a ideia recebe apoio suficiente da comunidade, ela se torna um kit oficial da marca. Resultado? Mais de 30 produtos nasceram diretamente das sugestões dos próprios fãs, gerando um crescimento de 25% na receita da empresa em apenas cinco anos, além de lucro, o que a LEGO conquistou foi algo muito mais poderoso, um exército global de embaixadores da marca, apaixonados e engajados.

Outro exemplo interessante é o da Sephora, com sua comunidade Beauty Insider, que conecta milhões de clientes para trocar dicas, avaliar produtos e participar de experiências exclusivas. Quem faz parte da comunidade gasta, em média, 15% a mais do que um cliente comum, além de gerar um volume gigantesco de recomendações espontâneas, o famoso boca a boca digital.

O recente estudo Comunidades O novo marketing, da LeFil Company, joga luz sobre esse cenário, ele mostra que empresas que constroem e cultivam comunidades bem estruturadas aumentam em até 30% sua receita, reduzem seus custos de aquisição de clientes em 44%, e, mais do que números, criam laços que resistem ao tempo e à saturação dos feeds.

Sabe aquele velho ditado quem tem comunidade, não precisa tanto de algoritmo? Pois é, nas comunidades, o crescimento é orgânico, baseado na troca genuína, na coautoria e no apoio mútuo, não existe like vazio, existe conversa, existe escuta e construção.

Enquanto as redes sociais digitais se tornam um grande shopping center digital lotado, barulhento e cada vez menos interessante, as comunidades são como aquele café aconchegante da sua cidade, onde as pessoas sabem seu nome, se interessam pela sua história e onde você sente que faz parte de algo.

E esse não é apenas um movimento do marketing, é um movimento social, a sociedade respondendo ao excesso, o humano pedindo mais humanidade, mais qualidade nas relações, mais significado.

As empresas que entenderem isso sairão na frente, as que não entenderem… bem, talvez continuem brigando por migalhas de alcance no próximo post.

O futuro não é sobre viralizar.
O futuro é sobre pertencer.

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB