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Jornalista paraibano, sertanejo que migrou para a capital em 1975. Começou a carreira  no final da década de 70 escrevendo no Jornal O Norte, depois O Momento e Correio da Paraíba. Trabalha da redação de comunicação do TJPB e mantém uma coluna aos domingos no jornal A União. Vive cercado de livros, filmes e discos. É casado com a chef Francis Córdula e pai de Vítor. E-mail: [email protected]

Minha voz, minha vida

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publicado em 09/03/2024 às 07h00
atualizado em 09/03/2024 às 05h30

Nada demais, nem de menos, mas estamos aí.

O que me prende não é o novo,  o  instantâneo, se logo o próximo instante é desconhecido. Já sou um homem velho. O que me prende não é prenda minha, talvez, sozinho no acaso. Nada demais do que o contraplano.

Tenho percebido, sentido, esse desvio da pupila, um Vesúvio, quando sou abordado pelos popularescos – era tudo que eu queria, me juntar na barca dos sonhos dos outros. Seja uma voz, não seja um eco.

Esse gozo que o Projeto K tem me transformado, não é nenhuma glória, talvez, a breve história de alguma coisa, porque eu já estava na cidade entre o belo e o trágico, agora mais do que nunca, para que o mundo nos chama. Como o olhar nos absorve, né?

Desde a primeira juventude, hoje, por aí andando de Uber, a pé, nas farmácias, restaurantes, calçadas, topadas,  antigas lanchonetes. Lobrás, as pessoas estão falando comigo, dizendo que me reconhecem pela voz – ai vem o elogio ao Projeto K – isso não tem preço, eu não sou o projeto, porque não vejo vantagem nisso, o ProjetoK sim, ele precisa avançar.

Seria tão banal fazer sofisticado, mas vai tudo caseiro, com uma voz que se emociona ao mostrar as casas destruídas ou abandonadas e, quando entramos nessas casas – algumas sendo restauradas, lembro do que me disse o mestre, de que as cidades foram construídas para serem destruídas, da importância que as nossas emoções sobrevivam.

Alterar uma vírgula, um a viga na composição da cidade, não é nada fácil, aqui, no calabouço do mundo, de madrugada quando a  gente não mais se ama, consigo ouvir minha voz, a voz que as pessoas dizem me reconhecer nas ruas,  quando “a voz era de um dono só”.

É incrível, depois de velho ser reconhecido, do mesmo modo como a sede, um copo d’água, eu tenho sede, assim a me  saciar, me  libertar, assim a memória minha canta, o que nos desfez os lábios pronunciamdo outra voz.

Eu sou assim, quem quiser gostar de mim, eu sou assim – agradecido, e tenho ficado mais azougado ( segundo WG) não no formato da agonia de todo dia, mas reencontrando pelo viés  dessas casas,  que estão na paisagem, como quem procura minha casa, nunca minha vida.

Dei meia-volta e segui.

Kapetadas

1 – Sobre ontem,  mulher não precisa de data, precisa de protagonismo.

2  – Culto não vai a culto.

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB

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