João Pessoa, 01 de outubro de 2024 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
Ângela Bezerra se distingue nas estações. Não, Ângela não se confunde com nada, ela aguenta firme as estações, seja no frio ou no calor. Chegar aos 82 anos assim, somente Ângela, a premissa da Primavera
Ângela é feita do efeito do afeto da composição como um vaso com flores frescas ou o retrato na parede de Leãozinho e tudo contém sua alegria, a risada mais gostosa, o olhar mais azul e a tristeza não é sua companhia.
Nasceu sozinha e vive assim, rodeada de raros amigos.
Ângela não é de ninguém. Estudou tanto, ensinou tudo e tudo que fez, que faz, as palavras que ela diz, (porque ela pode) e nenhum sinal lhe reprime.
O saber da sua existência, o que isso significa, a sua presença, a candura, os sinais distribuídos pelos dias e ela é a pele da natureza.
Sobre a pele, traz e eleva coisas sagradas. Seu olhar turquesa, na luz do mar lembra a canção de Roberto Menescal – “dia de luz festa de sol, e um barquinho a deslizar”
Ângela não fala da boca pra fora, nem faz dos encontros um museu das memórias, ela é a própria memoria, que alimenta a gente com seu conteúdo. Ângela no pedestal.
Para fazer sentido, o sentido de estar por perto, Ângela vai sucedendo, crescendo onde o espaço já é seu e reluz com as orquídeas de sua varanda, que namoram entre si. Na casa toda, Leãozinho está por perto. Eterno.
Ângela vem de séculos, foi ela quem me apresentou a Camões, porque ela “savoir par coeur” os sonetos e recita pra mim, uma dadiva.
Parabéns Ângela, hoje é seu aniversário!
Deuses da chuva dançam pra ela, musa imperante e não há tempo que apague para ser bem claro a todo o momento, que aconteceu, está acontecendo, no ângulo, a Ângela que eu estou perto, sempre.
Kapetadas
1 – Eu já fiz tantos anos que me esqueci quantos anos tenho.
2 – Som na caixa: “A face singular de Ângela, enquanto nos surpreende o amor, Oh Ângela”, Jobim
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