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Jornalista paraibano, sertanejo que migrou para a capital em 1975. Começou a carreira  no final da década de 70 escrevendo no Jornal O Norte, depois O Momento e Correio da Paraíba. Trabalha da redação de comunicação do TJPB e mantém uma coluna aos domingos no jornal A União. Vive cercado de livros, filmes e discos. É casado com a chef Francis Córdula e pai de Vítor. E-mail: [email protected]

Ja-ba-cu-lê cega

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publicado em 13/09/2022 às 07h00
atualizado em 13/09/2022 às 11h29

Abrir os olhos, cega, abrir a janela, cega, maldades, cega. Sou cego, não caolho. Estou cego de tanto ver horrores e só enxergo bem na luz do computador. A fé é cega, a faca não é cega, a libido, o sexo, o sorvete, a procissão,  dinheiro não, o sim e o não.

Animado, cheio de ternura, rindo, caminhando, o tempo passando e já, já é primavera. Eu amo setembro, outubro, abril e o mês das fogueiras.

Um anjo, um vaga-lume. Ah! se me vissem, no balanço gostoso na cadeira de Gerdau e logo dá a hora que me apetece: olhar os gatos com suas vidas resolvidas e lanço a flecha:  ser um deles, que enxergam mais que nós. Ja-ba-cu-lê cega.

Anjos e sarafins, afins. Sinto quebrar rotinas, boto o rosto no vento, a distância dos indiferentes, já morreu.

Adoro pessoas com sorte, consortes, gente que vem de lá, anos-luz, gente escrevendo outro começo, crianças chegando, brilho intenso.

Ora se ama, ora se mata. Pior é gente que se amua.

Danço sozinho e encanta-me a vida e esqueço do o mal, penso no bem.

O que passou, ficou pra lá ou se mudou inteiramente – desde então e eu nem me imaginaria, o que faço sozinho, faço-o cada vez melhor.

Estou sujeito aos temporais,  mas sob a luz da lâmpada à cabeceira, sozinho dentro de casa, mulher e filho dormindo, aceno para personagens dos filmes  e navios, sim, o navio é quem nos governa, já que os sonhos nunca são iguais – ainda bem.

Vi o monstro  da lagoa, inexplicavelmente sem vida.

Vi Pat Roberto no show de Chico B, lutando pela vida.

Torno-me transparente e geométrico, me multiplico – estou zen para festejar, dou risadas que não sei a que vêm, mas vem comigo, vem?

Puxa vida! Sou feio no espelho do banheiro.

Outra benção, minha benção Heitor dos Prazeres, benção Moacyr Santos, benção Dom Pelé, benção Seu Vicente Pinheiro.

Escuto Lô Borges e acho que está tudo bem. luas cheias e minguantes, velando a noite, mas a noite não morre e que chegue logo o fim desse texto, que já estou cego de tanto digitar. Ole, olá!

Kapetadas

1 O pior defeito do fanático é ser fanático.

2 – Antes um bom calar do que um mal falar.

3 – Som na caixa: “Dinheiro na mão é vendaval”, Paulinho da Viola

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB

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