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Mulher foi ameaçada antes de ser morta a mando de amante, diz polícia

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publicado em 10/11/2015 às 08h47

A técnica de enfermagem Telma de Siqueira Pacheco, de 35 anos, assassinada na porta de casa no dia 21 de junho deste ano em Cuiabá, sofreu diversas ameaças por telefone antes de ser executada, segundo apontam as investigações feitas pela Delegacia de Homicídio e Proteção à Pessoa (DHPP), que investiga o caso. O amante de Telma, que também é técnico de enfermagem, de 44 anos, está preso na Penitenciária Central do Estado (PCE) desde o dia 28 de outubro, suspeito de ser o mandante do crime.

Além dele, outras seis pessoas são investigadas por suposto envolvimento no caso, sendo que quatro estão presas – três homens e uma mulher, de 19 anos. Um homem, suspeito de ter emprestado a arma para a execução da vítima, está foragido e teve a prisão temporária decretada. A esposa do técnico de enfermagem apontado como o mandante do crime chegou a ser detida, mas foi liberada um dia depois por falta de elementos que a liguem diretamente ao crime.

O delegado Antônio Carlos de Araújo, que conduz as investigações, afirmou que a Telma chegou a receber diversas ameaças em seu telefone fixo meses antes de ser assassinada, razão pela qual a polícia já solicitou a quebra do sigilo telefônico a fim de rastrear a origem das chamadas.

“Ela chegou a precisar trocar o número do telefone da sua casa, porque uma mulher, ainda não identificada, ligava por diversas vezes a ameaçando e querendo saber o endereço de sua residência. Já solicitei a quebra do sigilo telefônico e aguardo a empresa de telefonia atender ao pedido”, afirmou o delegado.

De acordo com Antônio Carlos, uma jovem de 19 anos, presa porque teria ajudado a dupla de executores a reconhecer a casa da vítima, seria a principal suspeita de realizar as ligações com as ameaças. “Mas, por enquanto, sabemos apenas que se trata de um número de celular que ligava constantemente para a Telma”, disse.

Prisão temporária
O delegado deve solicitar, dentro dos próximos dias, a prorrogação dos pedidos de prisão temporária de quatro suspeitos de envolvimento com a morte: o amante da vítima, apontado como o mandante do crime; os dois homens suspeitos de serem os executores de Telma; e o suspeito de fornecer a arma do crime, que se encontra foragido.

“Temos indícios suficientes que provam que o amante foi quem articulou tudo, assim como não tenho dúvida quanto à participação dos executores. Esses dois últimos, aliás, já foram indiciados pelo crime. Mas precisamos que esse pedido [de prorrogação da prisão] seja feito para que possamos amarrar as investigações. Agora é que eles estão sentindo os efeitos da prisão. Precisamos provar bem o vínculo que há entre eles”, afirmou.

‘Frio e dissimulado’
O amante de Telma Pacheco é descrito pelos investigadores da polícia como um homem “frio e dissimulado”. Segundo o delegado, durante todos os interrogatórios já feitos, o técnico de enfermagem – que também trabalhava na área de necropsia – sempre negou ter qualquer envolvimento com a morte da amante, mas não soube explicar a razão pela qual desapareceu após sua morte e porque não levou a mulher para o hospital ao ser chamado para socorrê-la no dia do homicídio.

“No dia em que Telma foi baleada, ele foi chamado para socorrê-la. Segundo a filha da vítima, Telma chegou a dar um tapa no amante, que se recusava a levá-la para o hospital. Ele fez isso porque todos no hospital já sabiam do caso entre eles e ele não queria chamar mais atenção para o fato. O carro dele, inclusive, foi apreendido pela polícia, porque estava sujo de sangue”, contou o delegado.

As investigações apontam que a intenção inicial do amante era apenas provocar um “susto” em Telma, para forçar a vítima a colocar um fim no relacionamento. A técnica de enfermagem, aliás, já havia sido atropelada em janeiro deste ano, por um carro em alta velocidade cujo motorista se negou a prestar socorro. A polícia não descarta que o acidente e o homicídio estejam interligados.

“Foi dado um único tiro, que acreditamos que tenha sido dado para assustar a vítima. Só que o tiro foi fatal e as coisas saíram do controle dele”, disse.

De acordo com o delegado, logo após a morte da amante, o técnico de enfermagem ficou “rodando a esmo pela cidade durante a noite”, entrando em contato com a esposa apenas para pedir a ela para que arrumasse as malas, porque ambos iriam para Mirassol D’Oeste, a 329 km de Cuiabá, no dia seguinte.

“Ele chegou a registrar um boletim de ocorrência mentiroso lá, dizendo que estava sendo ameaçado pelo irmão da vítima, mas isso não existiu. Foi apenas uma forma que ele encontrou de tentar justificar a sua saída da capital. E, quando voltou para Cuiabá, alugou uma casa em um condomínio fechado, se negando a retornar para a sua residência. Se ele não tinha envolvimento algum, estaria com medo do quê?”, questionou.

De acordo com a polícia, a esposa do técnico chegou a afirmar que queria ir embora para outro estado e o marido apenas não aceitou por já estar sendo orientado por advogados a permanecer na capital.

Esposa x amante

Segundo o delegado, Telma e a esposa do técnico de enfermagem chegaram a discutir por meio de mensagens no celular após a vítima e sua filha tentarem contato com a mulher via rede social, a fim de saber como era o seu relacionamento com o suspeito. Isso chegou a fazer com que ela fosse suspeita de participação no caso, o que agora encontra-se temporariamente descartado pelos investigadores.

“Foi provado que ela chegou a entrar em contato com amigas da vítima, pedindo para que fosse deixada em paz. Ela é uma pessoa debilitada, inclusive estava afastada do trabalho por estar doente. A verdade é que ela também foi vítima. Ele enganava as duas, inventava uma série de coisas para a esposa e para a Telma”, afirmou.

Entenda o caso

Telma de Siqueira Pacheco foi morta na porta de casa com um único tiro que a atingiu do lado esquerdo do tórax. Ela chegou a ser socorrida e posteriormente encaminhada ao Pronto-Socorro de Cuiabá, mas não resistiu. Uma testemunha afirmou ter visto dois homens se aproximarem da casa da vítima em uma moto e ajudou a polícia na identificação da dupla.

Um dos executores – responsável pelo tiro – foi preso em agosto deste ano, por tráfico de drogas e, entre os bens apreendidos com ele, estava a motocicleta utilizada no crime. Já o rapaz que pilotava a moto também teve o mandado de prisão cumprido. De acordo com o delegado, a dupla morava próximo do local do crime, na região do Coxipó, e chegou a fazer rondas pelo bairro, contando com a ajuda de uma jovem de 19 anos para identificar a residência da vítima.

G1

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