João Pessoa, 02 de novembro de 2025 | --ºC / --ºC
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“Sempre cresci com eles (meus pais) me dizendo que estávamos à beira da ruína. Até hoje, a mamãe fala: ‘Estou preparada para viver em um lugar pequeno’. Eu falei: ‘Mamãe, você tem 96, trabalhou muito, relaxa”.
Isso da filha Fernanda dizer a mãe Fernandona, “relaxe”, já ouvi muito da boca do meu filho, mas é um relaxa que não relaxa nunca. Se Fernanda Montenegro tem medo das ruínas, imagina eu, cujo tempo de palco me cheira talco. Pior – atualmente vivo metido nas casas em ruínas e me transformo em outros verbos.
O tempo em minha vida viria e ou virá a ser preterido, mas uma distância me coloca no olho da rua com os outros, sem a menor ânsia de distinção, mas quem são os outros? Os outros são ossos, pescoços e encostos.
Acordo sem os nomes das coisas, mas não pertenço a outra espécie, sou do clã da escritora Maria Ribeiro, sou de carne e sangue, mas sempre a cruzar o abandono e vidas abomináveis. Levanta, sacode a poeira, acorda, a corda, a corda, acorda, a corda, acord’ accord, d’accord, d’accord, d’accord.
Como se toda a resistência… e eu tenho novos músculos, mas não sou Monstro de Florença tenho a força, fossa, fosse a força de um mundo que deixamos de julgar, mas não deixamos mesmos, somos metidos e odientos.
A vagarosa influência de nos mete medo das ruínas, da missa e nem de longe parece com o ´bateu, levou´ mas é o bateu mesmo uma saudade sem fim feito desses discretos e ferozes pontos que nos ligam e desligam, de esqueletos em dia de sol, outros malucos que nunca vão pensar nas ruínas, sequer os dementes, crentes que pensam que em se plantando tudo dá.
Kapetadas
1 – Abóbora virar símbolo do medo é uma injustiça com o jiló.
2 – Quando o guitarrista do Titãs ganha o Jabuti de melhor romancista do ano, a única coisa a fazer é tocar um tango argentino.
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DIA DE FINADOS - 01/11/2025