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Pélico lança belo álbum em parceria com Ronaldo Bastos

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publicado em 25/10/2025 ás 12h03

Kubitschek Pinheiro – MaisPB

Fotos – Rodrigo Ferdinand e José de Holanda

Ronaldo Bastos, o rapaz do Clube Esquina, amigo e parceiro de Milton Nascimento e da tropa Lô Borges, Beto Guedes, Toninho Horta, Nelson Angelo, Márcio Borges, Tavinho Moura, acaba de lançar com Pélico o álbum “A Universa Me Sorriu – Minhas Canções Com Ronaldo Bastos”. Os dois há muito estão com o pé na estrada, Pélico é um menino, nasceu em janeiro de 1976, talentoso guitarrista brasileiro, é um cantor e compositor.

A música brasileira une talentos, sentimentalidades, histórias e estradas, cidades e caminhões e aconteceu do destino cruzar Pélico e Ronaldo Bastos, num disco bem construído: “A Universa Me Sorriu – Minhas Canções Com Ronaldo Bastos”. Um dos projetos mais ousados.

A palavra “Universa”, no feminino está bem encaixada. É o conceito que Pélico usa para evocar essa energia, o sagrado e o feminino em canções como “Louva-a-Deus”, e a faixa-título e a sensível “Sua Mãe Tinha Razão”. Nesta última, Bastos e Pélico, junto com Leo Pereda, criam um hit de sotaque brasileiro que ressalta a pegada mais otimista do projeto.

Tem a faixa “Luz da manhã” que é bela. A química é inegável e funciona muito bem ao longo das dez faixas. A linguagem quase cinematográfica de Bastos, que é sempre capaz de fazer o ouvinte viajar em suas metáforas visuais (“luz”, “sombra”, “estrelas”), encontra na perfeita junção no canto intenso e a sensibilidade melódica de Pélico.

O disco todo é sintonia. A produção de Jesus Sanchez que traz uma sonoridade construída a partir do violão de nylon de João Erbetta e da percussão de Guilherme Kastrup. Participam do disco Marisa Orth em “É Melhor Assim”, e Sílvia Machete nos vocais em “Sem Parar”. “Infinito Blue”. E tem “Marinar”

Ronaldo Bastos tem sucessos na de Elis Regina, Gal Costa, Maria Bethânia, Nana Caymmi, Elza Soares e Sarah Vaughan, entre outras e outros

O MaisPB conversou como dois artistas e traz mais detalhes dessa parceria que está apenas começando.

MaisPB – Antes de ouvir o disco, eu fui ver o vídeo de ´Infinito Blue´ e fiquei impressionado com o casamento das imagens, parecem pai e filho, amores das canções e a letra é um testamento do amor- vamos começar por aqui?

Ronaldo Bastos – Essa música é uma das nossas primeiras parcerias. O arranjo e a produção do Jesus reforçam a magia da canção. É uma canção romântica, mas o clipe retratou o encontro dos dois compositores e o encontro dessas duas gerações também. Eu gostei muito do resultado, tanto da música quanto do clipe.

MaisPB – Como nasceram essas canções e essa coisa de chamar a ´universa´, já é um achado, né?

Ronaldo Bastos – Sim, “a universa” foi uma sacada do Pélico que casou muito bem com a atmosfera das canções. O álbum tem essa força do feminino das coisas. Até nisso eu sou filho do Dorival Caymmi. E, mesmo com momentos de uma certa melancolia, é um disco feliz, por isso é “A Universa Me Sorriu”.

MaisPB – A terceira faixa Sua Mãe Tinha Razão parece feita para dançar, tem uma batida boa, deixe o amor rolar por aí…

Ronaldo Bastos – Essa música foi feita para libertar, e a dança é um dos poderes que o ser humano tem para se soltar – eu que o diga, que atualmente danço em tudo quanto é lugar (risos). A canção, feita com a colaboração do Leo Pereda, defende-se da afirmação de que as experiências amorosas de autores de canções só servem à própria criação, e o faz com humor. “Bye, bye / Aventura é mesmo assim”. Se o amor valeu, tem que ser celebrado. E se agora você está em outra, tem que estar disponível para deixar o novo amor chegar.

MaisPB – A faixa seguinte ´É melhor Assim´ segue e tem Marisa Orth na cena como surgiu essa letra?

Ronaldo Bastos – Essa música o Pélico trouxe já com alguns versos definitivos. Teve também a participação do Otto, que colaborou com versos e com seu suingue. Ela é leve, simples e bem-humorada. Versa sobre a importância de você transformar um revés amoroso em uma oportunidade de – mais uma vez – se libertar. Eu adoro ouvir e dançar ela. E gosto muito do molho que a interpretação da Marisa Orth trouxe para a canção.

MaisPB – E o Clube da Esquina, você tem visto Milton, Lo Borges, Beto Guedes…

Ronaldo Bastos – Tenho encontrado mais o Bituca, porque moramos na mesma cidade. Mas volta e meia encontro Lô, Beto, Toninho, Nelson Angelo, Márcio Borges, Tavinho Moura… Nós todos nos amamos e nos respeitamos muito. Sabemos que o que fizemos juntos contribuiu muito para a evolução da música brasileira e continua valendo e sendo redescoberto. O Clube da Esquina é o talento e a imaginação no poder, vai ser sempre moderno e revolucionário.

Pélico

MaisPB – Que disco belo, nem sei qual a canção mais bonita, já ia terminando de ouvir, quando ouvi ´Luz da Manhã´ e ´O Amor Ficou´ e fiquei pensando no tempo da delicadeza – bora começar por aqui?

Pélico – Exatamente isso, é um disco de canções delicadas. Umas duas nem tanto porque a gente flerta um pouquinho com o rock, mas o Ronaldo é um cancionista, eu sou um cancionista, natural que o disco saísse assim, um disco de canções com arranjos que valorizam as canções

MaisPB -O clipe Infinito Blue é belo, os retratos, os sonhos, a canção da fala da vida da gente. Podemos falar da construção desse trabalho?

Pélico – Esse clipe ficou maravilhoso. Foi feito a partir de álbuns de retratos do meu arquivo pessoal, do Ronaldo, e também e fotos de momentos que a gente que a gente passou juntos lá no Rio. Depois o Alexandre Boechat montou lindamente, fez uma edição incrível. É bem emocionante, toda vez que eu vejo esse clipe eu fico emocionado

MaisPB – Como aconteceu essa parceria com Ronaldo Bastos, uma lenda viva do Clube da Esquina?

Pélico – Essa história começou em 2019. Eu sempre fui muito fã do Ronaldo desde a minha adolescência e, para a minha surpresa, o primeiro convite foi dele. Ele me mandou uma mensagem perguntando se eu tinha alguma melodia para ele colocar letra e tal. Eu mandei três melodias, ele escolheu uma e, sei lá, depois de uma semana ou duas ele me devolveu com uma letra belíssima. Aí entrou a pandemia e a gente te engavetou o projeto e voltamos a nos falar em 2022. Aí o convite pro disco foi meu. Eu falei: “Ao invés de lançar um single, vamos gravar um disco? Ele topou e eu fiquei nas nuvens. Então a história começou assim.

MaisPB – Tem muita gente nesse disco, o violão de nylon de João Erbett, Guilherme Kastrup, Marcelo Politano nas flautas e sax. Marcelo, a sanfona de Tony Berchmans em “O Amor Ficou” e a guitarra de Régis Damasceno em “Sem Parar” e “Louva-a-Deus”. Puxa vida! Bora falar dessa gente que engrandece o álbum?

Pélico – Esse disco é uma reunião de grandes músicos talentosíssimos. A ideia inicial do Jesus Sanchez, que é o produtor do disco, foi de usar violão de nylon para conduzir o disco todo, uma coisa que eu usualmente não faço, nos meus outros discos eu uso muito mais violão de aço. Assim, eu e o João Erbetta levantamos as bases no violão de nylon , o Guilherme Kastrup na bateria e na percussão e o Jesus Sanchez no baixo. Teve outra sacada maravilhosa do Jesus que foi trabalhar com coro, o que raramente acontece nos meus discos. Aí chamamos a Tati Parra e o Tom Ricardo, que são maravilhosos. Ainda contamos com a participação do Regis Damasceno, que sempre toca comigo, na guitarra, do Rodrigo Salvador na rabeca e o Marcelo Politano nas flautas e sax. Achei incrível a personalidade que a gente conseguiu.

MaisPB – ´Deusa Mistica´ parece feita para o cinema. Que canção! Conta pra gente dessa deusa, desse som?

Pélico – “Deusa Mística” é uma homenagem pra cantora Catto, que é minha amiga. Uma vez, num sábado à tarde ela me mandou mensagem, ficamos conversando pelo WhatsApp e a gente começou a brincadeira; eu chamei ela de deusa, ela disse “mística”, eu “gótica” e a gente começou a brincar com essas proparoxítonas. Aí na hora eu estava com violão do lado e comecei a criar uma melodia com os trechos dessa conversa. Depois sentei com Ronaldo e a gente finalizou a letra.

MaisPB – Você já esteve aqui em João Pessoa? Pensa em sair cantando esse disco pelo Brasil afora?

Pélico – Já estive em João Pessoa em 2014, se eu não me engano e foi um dos shows mais legais que eu já fiz na minha vida Eu quero muito voltar

Veja aqui o videoclipe de Infinito Blue