João Pessoa, 30 de setembro de 2025 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
Quando li o relato do terapeuta Robson Hamuche, sobre a depressão do jornalista Pedro Bial, fiquei a pensar em mim e no coletivo, nesse fio que costura agonias, e resolvi falar do que aconteceu comigo, coisa que eu nunca tinha feito aqui – escrevendo. Talvez um modo de dizer.
Eu procurava um acordar em mim e não encontrava, não conseguia me alimentar, levava a comida à boca e ficava sem conseguir engolir. Foi cruel.
Saía pelas ruas e, às vezes, percebia que meus passos não estavam em sintonia, como se não houvesse força nas pernas. Eu cambaleava. O corpo ficava quente e frio.
Procurava luz solar para chegar na outra margem. Não existe coisa pior do que essa doença. Eu sequer conseguia raciocinar, fazia de conta que tempo curava, mas na manhã seguinte, voltavam os sintomas.
Sentava-me à procura de um tema para escrever, uma fé no ar, uma horinha sem os sintomas, que são terríveis, mas não conseguia. Sim, eu tive depressão.
A médica Andréa Lygia foi a primeira a me salvar – ela não está mais por aqui. Depois, o médico Givaldo Medeiros.
Essas coisas acontecem com muitas pessoas no mundo, uns se salvam, outros antecipam a viagem. São pancadas que dão-se a nós entre ciclos, um sofrimento mental emocional intenso do que somos capazes de suportar. Eu sempre bati de frente, para ouvir a voz de Deus.
Só me lembro como um estranho esparso, não compacto, espalhado aqui e ali, com a recuperação da vida, dos movimentos necessários, de se agarrar ao fio para uma forma de salvação, mas nunca pensei em desistir da vida, porque a força de viver é maior. Se você tem essa doença, procure ajuda.
Só resta essa pergunta: fiquei bom? Bem melhor, ao quebrar o silêncio vigilante da permanência de viver pisando em ovos.
Kapetadas
1 – Por um lado, o tempo é um grande remédio; por outro, faz vencer a validade de todos os medicamentos.
2 – Se agarre à esperança que você tem. Não há outra mesmo.
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BOLETIM DA REDAÇÃO - 26/09/2025