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Jornalista paraibano, sertanejo que migrou para a capital em 1975. Começou a carreira  no final da década de 70 escrevendo no Jornal O Norte, depois O Momento e Correio da Paraíba. Trabalha da redação de comunicação do TJPB e mantém uma coluna aos domingos no jornal A União. Vive cercado de livros, filmes e discos. É casado com a chef Francis Córdula e pai de Vítor. E-mail: [email protected]

Quando o silêncio é perigoso

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publicado em 30/09/2025 ás 07h00
atualizado em 30/09/2025 ás 07h58

Quando li o relato do terapeuta Robson Hamuche, sobre a depressão do jornalista Pedro Bial, fiquei a pensar em mim e no coletivo, nesse fio que costura agonias, e resolvi falar do que aconteceu comigo, coisa que eu nunca tinha feito aqui – escrevendo. Talvez um modo de dizer.

Eu procurava um acordar em mim e não encontrava, não conseguia me alimentar, levava a comida à boca e ficava sem conseguir engolir.  Foi cruel.

Saía pelas ruas e, às vezes, percebia que meus passos não estavam em sintonia, como se não houvesse força nas pernas. Eu cambaleava. O corpo ficava quente e frio.

Procurava luz solar para chegar na outra margem. Não existe coisa pior do que essa doença. Eu sequer conseguia raciocinar, fazia de conta  que tempo curava, mas na manhã seguinte, voltavam os sintomas.

Sentava-me à procura de um tema para escrever, uma fé no ar, uma horinha sem os sintomas, que são terríveis, mas não conseguia. Sim, eu tive depressão.

A médica Andréa  Lygia  foi a primeira a me salvar – ela não está mais por aqui. Depois, o médico Givaldo Medeiros.

Essas coisas acontecem com muitas pessoas no mundo, uns se salvam, outros antecipam a viagem. São pancadas que dão-se a nós entre ciclos, um sofrimento mental emocional intenso do que somos capazes de suportar. Eu sempre bati de frente, para ouvir a voz de Deus.

Só me lembro como um estranho esparso, não compacto, espalhado aqui e ali, com a recuperação da vida, dos movimentos necessários, de se agarrar ao fio para uma forma de salvação, mas nunca pensei em desistir da vida, porque a força de viver é maior. Se você tem essa doença, procure ajuda.

Só resta essa pergunta:  fiquei bom?  Bem melhor, ao quebrar o silêncio vigilante da permanência de viver  pisando em ovos.

Kapetadas

1 – Por um lado, o tempo é um grande remédio; por outro, faz vencer a validade de todos os medicamentos.

2 – Se agarre à esperança que você tem. Não há outra mesmo.

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB

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