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Jornalista paraibano, sertanejo que migrou para a capital em 1975. Começou a carreira  no final da década de 70 escrevendo no Jornal O Norte, depois O Momento e Correio da Paraíba. Trabalha da redação de comunicação do TJPB e mantém uma coluna aos domingos no jornal A União. Vive cercado de livros, filmes e discos. É casado com a chef Francis Córdula e pai de Vítor. E-mail: [email protected]

Manda um beijo pra Ney

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publicado em 10/05/2025 ás 07h00
atualizado em 09/05/2025 ás 21h48

Pai violento, ditadura militar, epidemia da AIDS… Que homem, que artista, Ney Matogrosso!

O filme “Homem com H”, não conta só a história de Ney Matogrosso, mas de muitos brasileiros inseridos nas imagens, e outros que não conseguiram se libertar. Tem uma abordagem intensa e não convencional da vida do artista. A atuação do ator pernambucano Jesuíta Barbosa, é a grande sacada do longa.

O filme explora o caminho que Ney fez para chegar onde estar. E mostra que desde a infância ele disse “não” ao não. Sua personalidade de homem feito, que não cabe em si, de tão grande que é Ney Matogrosso. O filme é bonito e tem uma tristeza que se junta a beleza dele existir, dele ser Ney.

Na tela, a figura complexa de Ney, de um homem bom, que desafiou os padrões e preconceitos (que ainda reinam) a tal censura da época.

A fotografia e direção de arte completam essa beleza vazada para criar uma atmosfera introspectiva e poética, que se distancia da mesmice.

A interpretação de Jesuíta Barbosa, repito, é de uma entrega emocional sem tamanho e o filme é bom por trazer as músicas de Ney à história de forma natural e significativa.

Cinema nacional em uma fase incrível! Ney Matogrosso faz acreditar que a eternidade existe. Isso mesmo Ney,  é uma entidade! Longe das grandes distâncias, da frieza alucinante que nos defende e nos separa.

O filme Homem Com H é a liberdade.

“É um filme sobre liberdade, é uma jornada sobre liberdade e afeto. É sobre um cara que enfrentou figuras de autoridade para poder ser quem é, um artista que sempre sonhou”, explicou o diretor Esmir Filho numa entrevista.

Apesar de alguns pontos que podem ser considerados repetidos, como as cenas de sexo, uma apressada em excesso, “Homem com H” é considerado uma obra que faz jus ao legado de Ney Matogrosso e à sua arte, e que merece ser vista e celebrada no mundo inteiro.

A cena em que ele reencontra um amigo dos tempos da Marinha e na hora da despedida, ele diz: manda um beijo para os meninos,  se reeferino aos filhos do amigo, é de uma humildade  gigantesca.

Ney e suas raras metamorfoses.

Kapetadas

1 –  Papa Leão com ascendente em escorpião

2 – Não confio em quem seca a louça sabendo que ela seca sozinha

3 – Não preciso falar de Cazuza e a desafiadora performance de Ney em Secos e Molhados, que vocês já sabem.

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB