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Jornalista paraibano, sertanejo que migrou para a capital em 1975. Começou a carreira  no final da década de 70 escrevendo no Jornal O Norte, depois O Momento e Correio da Paraíba. Trabalha da redação de comunicação do TJPB e mantém uma coluna aos domingos no jornal A União. Vive cercado de livros, filmes e discos. É casado com a chef Francis Córdula e pai de Vítor. E-mail: [email protected]

Léo, 8 dias sem Léo

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publicado em 17/04/2025 ás 19h12
atualizado em 17/04/2025 ás 19h43

Tinha uma postura de homem sério, jamais ensimesmado. Tinha um sorriso singular e não era dado a gargalhadas, e tinha aquela distinta  imagem de que poderia amar por toda vida, a imagem de um homem bom.

Não falava de seu percurso e de si próprio, mas parecia bastante amável e se esperava viver décadas com o mesmo tom de uma educação que vi em poucas pessoas.

Acabou seu tempo sem ser replicado, seus gestos não combinavam com a velocidade do tempo, era um rapaz, um encantador rapaz e morreu rapaz – era o que sinalizava.

Como pode uma pessoa  que Deus nos deu, sabia ler e a tendência de quem cresceria na profissão do pai Clementino, da irmã Ana Cláudia e das duas tias, Paula e Tima. Talvez tenha feito igual o médico das flores de Vinicius de Moares – não sei, mas o jardim da casa do bairro dos estados não parecia em prantos, naquele dia em que Léo se foi.

Eu não acho a morte muito natural, não acho mesmo, e para nos reduzir a tudo, a uma carta, um abraço frio na cerimônia do adeus, e mais que isso, não poder mais amar e abraçar aquela pessoa.

A morte para a pessoa, leva seus gestos, seu perfume, suas dores e as coisas boas da vida. Léo tendo desde muito cedo tratado de fomentar sua vida, o seu papel, esse canto e encanto tão fantástico que cada um tem no seu dom de existir.

As coisas boas e tristes vão ficando para trás e algo encarna em nós uma tristeza imensa, aquele retrato na parede, que sempre provoca uma saudade, uma ilusão à toa.

Fiquei olhando para a mãe de Leó, Nely, em permanência, de um modo implacável como se já tivesse chorando rios, porque ela sabe que tudo é rio.

Por outro lado, já nem somos todos iguais nesta noite, empenhados em deixar a vida nos levar.

Entre nós existe uma força, mesmo que tantas vezes exibida de uma falta de coragem.

Léo, 8 dias sem Léo

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