João Pessoa, 28 de setembro de 2025 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
Minha primeira vida foi em Roma, no tempo de Vespasiano. E se você acha que a grandiosidade do Império se resumia a gladiadores e aquedutos, você está redondamente enganado. A verdadeira estrela do show era o xixi. Isso mesmo. Enquanto a plebe estava ocupada com pão e circo, o governo bolava uma estratégia de marketing genial, digna de um MBA: colocar vasos de mármore de Carrara nas ruas para que as pessoas fizessem suas necessidades.
Pura elegância para um propósito tão nobre… O resultado era uma fragrância “única” que pairava no ar. A urina, esse ouro líquido, era então coletada para a lavagem das togas, garantindo que os patrícios andassem por aí com suas roupas e dentes imaculadamente brancos. Quem disse que o dinheiro não tem cheiro, hein?
Séculos depois, reencarnei em Paris. E se a Cidade Luz é famosa por seus perfumes, prepare-se para o segredo de fabricação mais bem guardado do mundo. A urina, novamente, era a protagonista, mas com um upgrade. Ela não só servia para lavar as roupas, mas também era um ingrediente crucial na fabricação de sabonetes e, pasmem, nos famosos perfumes franceses. Enquanto a nobreza exalava Xanel Nº X (sua versão da época), o ingrediente mágico por trás da fragrância, aquele toque de “riqueza”, podia ser uma mistura um tanto… rústica.
Minha última vida me trouxe ao Brasil Colonial, e o que vi no Rio de Janeiro foi uma repetição pitoresca desse hábito. As ruas, na época, eram uma fedentina só, com a urina servindo de “sabão” para a lavagem de roupas. A paisagem urbana tinha um cheiro peculiar, uma sinfonia olfativa que combinava o calor tropical com um toque de amoníaco. De Roma a Paris, e de Paris ao Rio, a urina foi a grande protagonista da higiene, mostrando que a história não se faz apenas com heróis e batalhas, mas também com um bocado de cheiro inconfundível de Carnaval de rua.
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BOLETIM DA REDAÇÃO - 26/09/2025