João Pessoa, 28 de setembro de 2025 | --ºC / --ºC Dólar - Euro

ÚltimaHora
É formado em Direito pela UFPB e exerce funções dedicadas à Cultura desde o ano de 1999. Trabalhou com teatro e produção nas diversas áreas da Cultura, tendo realizado trabalhos importantes com nomes bastante conhecidos, tais como, Dercy Golcalves, Maria Bethania, Bibi Ferreira, Gal Costa, Elisa Lucinda, Nelson Sargento, Beth Carvalho, Beth Goulart, Alcione, Maria Gadu, Marina Lima, Angela Maria, Michel Bercovitch, Domingos de Oliveira e Dzi Croquettes. Dedica-se ao projeto “100 Crônicas” tendo publicado 100 Crônicas de Pandemia, em 2020, e lancará em breve seu mais recente título: 100 Crônicas da Segunda Onda.

O Pipi é Pop! 

Comentários: 0
publicado em 28/09/2025 ás 20h00

Minha primeira vida foi em Roma, no tempo de Vespasiano. E se você acha que a grandiosidade do Império se resumia a gladiadores e aquedutos, você está redondamente enganado. A verdadeira estrela do show era o xixi. Isso mesmo. Enquanto a plebe estava ocupada com pão e circo, o governo bolava uma estratégia de marketing genial, digna de um MBA: colocar vasos de mármore de Carrara nas ruas para que as pessoas fizessem suas necessidades.

Pura elegância para um propósito tão nobre… O resultado era uma fragrância “única” que pairava no ar. A urina, esse ouro líquido, era então coletada para a lavagem das togas, garantindo que os patrícios andassem por aí com suas roupas e dentes imaculadamente brancos. Quem disse que o dinheiro não tem cheiro, hein?

Séculos depois, reencarnei em Paris. E se a Cidade Luz é famosa por seus perfumes, prepare-se para o segredo de fabricação mais bem guardado do mundo. A urina, novamente, era a protagonista, mas com um upgrade. Ela não só servia para lavar as roupas, mas também era um ingrediente crucial na fabricação de sabonetes e, pasmem, nos famosos perfumes franceses. Enquanto a nobreza exalava Xanel Nº X (sua versão da época), o ingrediente mágico por trás da fragrância, aquele toque de “riqueza”, podia ser uma mistura um tanto… rústica.

Minha última vida me trouxe ao Brasil Colonial, e o que vi no Rio de Janeiro foi uma repetição pitoresca desse hábito. As ruas, na época, eram uma fedentina só, com a urina servindo de “sabão” para a lavagem de roupas. A paisagem urbana tinha um cheiro peculiar, uma sinfonia olfativa que combinava o calor tropical com um toque de amoníaco. De Roma a Paris, e de Paris ao Rio, a urina foi a grande protagonista da higiene, mostrando que a história não se faz apenas com heróis e batalhas, mas também com um bocado de cheiro inconfundível de Carnaval de rua. 

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB

[ufc-fb-comments]