João Pessoa, 12 de novembro de 2025 | --ºC / --ºC
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Deus é inocente dos cultos que inventaram em Seu Nome. A fé, nas mãos dos homens, tornou-se comércio, espetáculo e disputa. Cada religião julga possuir a verdade, mas a verdade, se é divina, não pertence a ninguém. O homem, incapaz de compreender o mistério, preferiu administrá-lo.
O templo ergueu-se antes do entendimento. E no altar, o ouro falou mais alto que o arrependimento. Deus, silencioso, assistiu ao desfile dos que O serviam em público e O esqueciam em segredo. Não há nada mais humano do que usar o sagrado como escudo.
A religião dos homens é um espelho turvo: reflete o divino deformado pela vaidade. Os santos que cultuam foram, um dia, os hereges que ousaram sentir por conta própria. Os que queimam livros são os mesmos que recitam salmos de cor. E os que condenam o corpo são os que o adoram em silêncio.
A fé pura é simples como a água — mas o homem, que não sabe viver sem enfeites, preferiu o vinho, e embriagou-se de dogmas.
Há quem tema o inferno e há quem o visite todos os dias sem perceber. O inferno é o hábito de julgar em nome de Deus. O céu é a coragem de compreender sem precisar punir.
Deus não cabe nas igrejas, porque o coração é Seu verdadeiro templo. E só os que rezam em silêncio conhecem a música secreta da eternidade.
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