João Pessoa, 13 de julho de 2025 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
Sim. Onde não há limite, reina a repetição.
A vida tem um jeito curioso de nos ensinar: se a gente não aprende na calma, ela repete na dor.
E muitas vezes, o que ela repete não é castigo — é consequência.
Quem viu o filme “Limite”, de Mário Peixoto, lançado em 1931, vai encontrar as linhas visuais permanentes nos fios, arames, estradas, árvores secas, galhos e plantas, estacas e postes, telhados, paredes, grades ou cercas. É tudo tão claro, que nos leva à primeira linha de memória e para tudo existe Limite.
Toda vez que você engole seco o que deveria dizer em voz alta, o mundo entende que você aceita, mas não é bem assim.
Quando você silencia diante do desrespeito, não é silêncio que se ouve — é permissão.
E aquilo que machuca hoje em silêncio, vira rotina amanhã sem aviso, mas tudo tem limite.
Não se trata de ser duro com o outro, mas de ser leal consigo.
Colocar limite não é criar muro.
É desenhar a cerca onde termina o espaço do outro e começa o seu.
É dizer: aqui dói. Aqui não mais. E por aí vai
A gente vive ensinando as pessoas como queremos ser tratadas — não só com palavras, mas com atitudes.
E o que toleramos demais se transforma em norma.
O que suportamos calados se transforma em lei invisível.
E quando menos se espera, aquilo que era só uma gota vira enchente que esberra no limite.
Respeito começa em casa, dentro da gente.
Começa quando a gente para de passar pano pro que fere, pro que aperta, pro que invade.
Começa no momento em que a gente se escolhe, mesmo que isso custe algumas companhias ou desagrados.
Ser bom não é ser passivo.
Ser firme não é ser rude.
Ser claro é um ato de amor-próprio, ser forte e revolucionário.
E quem se ama, se protege.
Quem se cuida, se impõe.
Quem se respeita, ensina o mundo a fazer o mesmo.
Então, não tenha medo de dizer: “Aqui não. Comigo não.”
Porque onde não há limite, há repetição.
E o que se repete sem freio, vira prisão.
Limite, limite, limite.
* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB
OPINIÃO - 10/07/2025