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O hábito de jogar parece acompanhar a humanidade há milhares de anos. Já li que os jogos de tabuleiros mais antigos que se tem notícia, são da África, com cerca de sete mil anos. Pouco se sabe deles, exceto que também tinham caráter religioso, além do lúdico. No Antigo Egito, há notícias que a jogatina corria solta. A Mesopotâmia também registra, em sua arqueologia, alguns jogos.
Em toda a Antiguidade, vamos encontrar o jogo. Basta lembrar que os soldados romanos, segundo os Evangelhos, jogaram sortes , para ver quem ficaria com as vestes de Jesus, após sua morte na crucificação. Há quem diga que é por isso que jogos de azar não devem ser jogados por cristãos.
A Mesopotâmia também deu ao mundo, ao que tudo indica, o Jogo de Gamão, popular em todos os continentes, atualmente. Justifica-se: O Gamão exige técnica, que se apura com raciocínio, risco calculado, e também sorte. Vale dizer que um jogador extremamente sortudo, que tire sempre bons números no bozó (dados), pouco proveito fará, se não tiver raciocínio para mexer as peças com inteligência. O contrário também vale. Um jogador de Gamão extremamente inteligente e talentoso, terá imensas dificuldades em ganhar partidas, se for azarado e o bozó negar fogo. Talvez venha daí o fascínio. É um jogo que exige raciocínio e sorte.
O Xadrez, por sua vez, não tem nada de sorte. Esse legado precioso da Índia exige apenas raciocínio. Ninguém ganha uma partida de Xadrez porque teve sorte. Ganha quem joga melhor. Simples assim. Pode-se ponderar que existe uma extensa doutrina enxadrística, desenvolvida ao longo dos séculos, pelos grandes campeões. Há bibliotecas inteiras sobre o jogo, ensinando os melhores caminhos para as aberturas, o meio de jogo, e os finais. Dificilmente alguém jogará bem Xadrez se não se debruçar detidamente sobre os livros, estudar horas a fio. Atualmente existem até cursos online, ministrados por notórios jogadores.
Jogar contra jogadores mais fortes também ajuda. Acaba-se aprendendo alguma coisa com as repetidas derrotas. Mas, para desenvolver mesmo o jogo, não tem outro caminho além do estudo longo e sistemático.
Para quem não tem tempo ou paciência, não tem jeito. Será sempre um jogador medíocre, com apenas alguns bons momentos. No jargão do tabuleiro de Xadrez, denomina-se “capivara” esse tipo de jogador.
Afirma-se que estrategistas militares também foram bons enxadristas. Napoleão Bonaparte, George Patton e Che Guevara eram adeptos do jogo. Dizer que traziam táticas do Xadrez para o campo de batalha, me parece um tanto exarado, entretanto.
Atualmente questiona-se se o hábito de jogar Xadrez estimula o raciocínio para outras áreas da vida. Virou moda escolas oferecerem a disciplina aos seus alunos. Não sei se ainda persistem as aulas. Não há conclusões sobre o tema. Na dúvida, Millôr Fernandes espetou: “O Xadrez é um ótimo jogo para aumentar a capacidade de… jogar Xadrez”.
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