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Paraibano da Capital. Tocador de violão e saxofone, tenta dominar o contrabaixo e mantém, por pura teimosia, longa convivência com a percussão, pandeiro, zabumba e triângulo. Escritor, jornalista e magistrado da área criminal do Tribunal de Justiça da Paraíba.

Jogos de tabuleiro

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publicado em 08/09/2025 ás 19h44

O hábito de jogar parece acompanhar a humanidade há milhares de anos. Já li que os jogos de tabuleiros  mais antigos que se tem notícia, são da  África, com cerca de sete mil anos. Pouco se sabe deles, exceto que também tinham caráter religioso, além do  lúdico. No Antigo Egito, há notícias que a jogatina corria solta. A Mesopotâmia também registra, em sua arqueologia, alguns jogos.

Em toda a Antiguidade, vamos encontrar o jogo. Basta lembrar que os  soldados romanos, segundo os Evangelhos, jogaram sortes , para ver quem ficaria com as vestes de Jesus, após sua morte na crucificação. Há quem diga que é por isso que jogos de azar não devem ser jogados por cristãos.

A Mesopotâmia também deu ao mundo, ao que tudo indica, o Jogo de Gamão, popular em todos os continentes, atualmente. Justifica-se: O Gamão exige técnica, que se apura com raciocínio, risco  calculado, e também  sorte. Vale dizer que um jogador extremamente sortudo, que tire sempre bons números no bozó (dados), pouco  proveito fará, se não  tiver raciocínio para mexer as peças com inteligência. O contrário também vale. Um jogador de Gamão extremamente inteligente e talentoso, terá imensas  dificuldades em ganhar partidas, se for azarado e o bozó negar fogo. Talvez venha daí o fascínio. É um jogo que exige raciocínio e sorte.

O Xadrez, por sua vez,  não  tem  nada de sorte. Esse legado precioso da Índia exige apenas raciocínio. Ninguém ganha uma partida de Xadrez porque teve sorte. Ganha quem joga melhor. Simples assim. Pode-se ponderar que existe uma extensa doutrina enxadrística, desenvolvida ao longo dos séculos, pelos grandes campeões. Há bibliotecas inteiras sobre o jogo, ensinando os melhores caminhos para as aberturas, o meio  de  jogo, e  os finais. Dificilmente alguém jogará bem Xadrez se não se debruçar detidamente sobre os  livros, estudar horas a fio. Atualmente existem até cursos online, ministrados por notórios jogadores.

Jogar contra jogadores  mais fortes também ajuda. Acaba-se aprendendo alguma coisa com as repetidas derrotas. Mas, para desenvolver mesmo  o  jogo, não tem  outro caminho além do  estudo longo e sistemático.

Para quem não  tem tempo ou paciência, não tem  jeito. Será sempre um  jogador medíocre, com  apenas alguns bons momentos. No jargão do tabuleiro de Xadrez, denomina-se “capivara” esse tipo de  jogador.

Afirma-se que estrategistas  militares também foram bons enxadristas. Napoleão Bonaparte, George Patton e Che Guevara eram  adeptos do jogo. Dizer que traziam táticas do Xadrez para o campo de batalha, me parece um tanto exarado, entretanto.

Atualmente questiona-se se o hábito de jogar Xadrez estimula o raciocínio para outras áreas da vida. Virou moda escolas oferecerem a disciplina aos seus alunos. Não sei se ainda persistem as aulas. Não há conclusões sobre o tema. Na dúvida, Millôr Fernandes  espetou: “O Xadrez é um ótimo jogo para aumentar a capacidade de… jogar Xadrez”.

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB

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