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Paraibano da Capital. Tocador de violão e saxofone, tenta dominar o contrabaixo e mantém, por pura teimosia, longa convivência com a percussão, pandeiro, zabumba e triângulo. Escritor, jornalista e magistrado da área criminal do Tribunal de Justiça da Paraíba.

Bom atendimento

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publicado em 03/08/2025 ás 20h08
atualizado em 03/08/2025 ás 20h13

Bom atendimento

Dirigir-se  ao caixa de alguns estabelecimentos comerciais, se não de todos,  pode provocar interações interessantes, e por vezes, indesejáveis. Acredito que o esperado era apenas uma comunicação mínima, do tipo o operador dizer o preço do produto, e ponto final. Efetuado o pagamento, no máximo, um “bom dia” ou “obrigado” .

A evolução dos tempos trouxe outras perguntas: “crédito ou débito?”. Dá para aceitar essa, afinal, ninguém pode adivinhar a forma de pagamento pretendida. “Tem o programa de  fidelidade?” , “informe o CPF”. “Vai ser em dinheiro ou no Pix?”.

De uns tempos para cá, tenho observado um crescente nos diálogos impostos pelos funcionários encarregados de receber os pagamentos de clientes. E isto ocorre em vários tipos de estabelecimento. É muito recorrente a pergunta: “mais  alguma coisa?” . Ora, o freguês já apresentou o que pretende comprar. Se desejasse mais  alguma coisa, teria trazido ao caixa também. Diante da resposta: “não” , ainda se entabula outra questão: “então, posso encerrar?”. E ao  consumidor resta enfatizar o óbvio: “pode”.

Mas a moça do  caixa não se dá por vencida tão facilmente, principalmente em farmácias. Passa a oferecer produtos: “a vitamina C está em promoção”. Já com a bateria social nas últimas, costumo fazer a famosa cara de paisagem. Não adianta, vem a pergunta: “o senhor vai querer?”.  Forçado a responder, murmuro um “não, obrigado”.  Agora vai, penso. Finalmente vou conseguir pagar os meus remédios.  Nada feito, a moça continua impávida, totalmente blindada: “para o senhor talvez seja melhor o polivitamínico, porque já vem todas as vitaminas que o senhor precisa, tá muito em conta”. Nova cara de paisagem. Nova pergunta: “então, vamos levar?”. “Moça, pelo amor de deus, quanto foi minha compra?”. Só assim, de má vontade, olhando atravessado, ela finalmente decide registrar na  máquina e apresentar o valor a ser pago.

Quando estendo a mão, para recolher o saco com as compras, ela ainda dispara: “O senhor tem prisão de ventre? Se tiver, temos aqui uns compridos ótimos para regular o intestino, para fazer o número 2  sem esforço. Basta um por dia”.

Saio correndo da farmácia.

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB

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