João Pessoa, 12 de outubro de 2024 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
( dedicado aos meus netos Sofia, Maria Júlia e Miguel José)
Comemorar neste 12 de outubro, o dia da criança, nos remete à lembrança da imagem do Menino Jesus, da tradição cristã, a figura que representa a inocência, a esperança, a paz e a salvação.
Na condição de nossos descendentes, com a pureza, e descolados das vicissitudes da sociedade moderna, representam a expectativa de dias melhores, de uma sociedade mais igualitária, justa e fraterna.
Cabe aos pais, avós, pediatras, cidadãos e ao poder público, provê-la – com amor e carinho – das melhores condições para um crescimento e desenvolvimento tranquilos e saudáveis, estribadas nos preceitos morais e éticos que devem permear nossas vidas.
O mundo está em permanente mudança e progresso, eu diria, em progressão exponencial: os avanços extraordinários nos mais diversos campos da atividade humana, nas ciências, em particular, na medicina, na comunicação – as redes sociais, a multimídia e a internet – e na inteligência artificial impactaram sobremaneira a qualidade, a expectativa vida e o comportamento das pessoas. Os benefícios são indiscutíveis e intangíveis mas, por outro lado, trazem desafios e preocupações, ensejando a necessidade premente de controle e regulamentação.
A redução substancial da mortalidade infantil e da desnutrição, o controle e até a erradicação de doenças transmissíveis, como a poliomielite, são alguns dos motivos de alento e comemoração para todos nós.
Não obstante, o crescimento da obesidade e do sobrepeso é intrigante: estima-se que atualmente representem, respectivamente, 15 e 35% da referida população, com os riscos inerentes: diabetes, hipertensão arterial, dislipidemias e doença arterial coronariana. Vale lembrar o velho aforisma : “criança gorda, adulto gordo.” A ingestão demasiada de alimentos gordurosos e de alto teor calórico, as fast-food – em face de sua praticidade, do marketing e da variedade de produtos oferecidos pela indústria alimentícia – e a falta de controle familiar favorecem o descaminho de uma dieta saudável.
Por outro lado, a criança, pela sua vulnerabilidade, se torna presa fácil e, não raro, presenciamos sua adesão precoce às telas que lhe exercem verdadeiro fascínio.
A mídia detém grande influência sobre as crianças e os adolescentes. Programas infantis apropriados, na televisão, podem contribuir para agregar conhecimento, aumentar a criatividade, bem como incutir a empatia e a aceitação à diversidade; no entanto, conteúdos impróprios como temos testemunhado corriqueiramente – violência , drogadição, sexualidade, desestruturação familiar – , muitas vezes exibidos em horário inoportuno, requerem controle estrito dos pais e responsáveis.
Há evidências de que a exposição excessiva à televisão pode ter efeito adverso no desenvolvimento cognitivo e no progresso acadêmico. Além de tudo, há que se falar no isolamento social. A interação psicossocial com os amiguinhos é fundamental para o seu desenvolvimento, lembrando a importância da prática de esportes e das brincadeiras infantis saudáveis, que devem fazer parte do seu cotidiano.
São reflexões e recomendações que gostaria de fazer, na condição de pediatra cinquentenário ( de profissão), ao tempo em que estendo, na pessoa dos meus muito queridos netinhos Sofia, Maria Júlia e Miguel José, um carinhoso afago a todas as criancinhas, hoje e sempre!
*Pediatra
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EM JOÃO PESSOA - 14/11/2024