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Jornalista paraibano, sertanejo que migrou para a capital em 1975. Começou a carreira  no final da década de 70 escrevendo no Jornal O Norte, depois O Momento e Correio da Paraíba. Trabalha da redação de comunicação do TJPB e mantém uma coluna aos domingos no jornal A União. Vive cercado de livros, filmes e discos. É casado com a chef Francis Córdula e pai de Vítor. E-mail: [email protected]

Num subúrbio Brazil

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publicado em 27/02/2024 às 07h00
atualizado em 27/02/2024 às 05h45

O Brasil é um riscado perdido. Fecha um teatro e abre duas farmácias. É um suicídio. Chegou-me à atenção, por via de uma troca de imeio que todos saíram perdendo, mas de que me foi dado conhecimento, de que paira sobre as cabeças cortadas do caveira Glauber Rocha, uma língua morta, eu não sei nem quero saber. Signo nenhum.

Batidas na portão, era o carteiro com o livro inédito de Ernest Hemingway, “Morte ao Entardecer” com selo da Bertrand Brasil – o autor fala das cerimônias cruéis das touradas espanhola e diz que é precioso ter uma básica noção do embate entre a vida e morte.

Uma legítima suspeita envolvendo questões pelos próprios desvios, assisti um podcast antológico sobre “O meu livro de cabeceira é um revólver – 17 suicidas”, obra organizada e traduzida por Jorge Melícias, que conta com uma nota de muita responsa. Por que será que uma pessoa se mata?

Eu saí pra resolver uma coisa, aí lembro que tem outra coisa que tá perto de onde vou, aí mais outra, plow! Perdi o suingue da sertaneja, que seja, mas eu vou por aí arrastando meu tamanco.

Segundo parece, na prece,  salve Rainha Salve, mãe de misericórdia, que tem matado muito mais na unha, que até a Lady Di se mexeu na catacumba real. Todos aqueles que morrem (ou uma boa parte, pelo menos, dos que ficam) são de uma elaborada decisão, responsável pelo fim de outros, mas esse tema é indigesto.

Quando eu disse ao contrário do que começamos por entender, não foi nem será uma mera influência, mas foi a influencer do alter ego do crime capital, no desenho da obra da pintora caravaggesca Artemisia Gentileschi, que eu vi a cara de Jesus de outra cor. Outro Messias, viramundo?

Aliás, caberá ao rapaz que traz os biscoitos chineses com aquelas frases bobas, justificar porque foi que isso e não ficou mais naquilo, fui claro, embora o que interessa é o que está escrito, que já sabíamos ser uma espécie de GPS, indicado na mencionada melancólica, pós gozo. Deixe de lundum senhor, K.

Pela minha parte,  a sorte e desgraça, do reconhecimento que jamais vou parar de deixar a vida me levar, vida leva do nascimento a morte, algo sempre a ser remetido para aquela viagem adversa.

Na esquina dos finados alfarrabistas admito que alguma culpa no cartório, no que parece ser um mal dissimulado ‘embuste’? Alguma chance? Ou já morri e ninguém notou.

O desfecho

Podia ter levado mais longe as minhas averiguações, mas longe é pouco para o desfecho e o que se deu não foi que eu tenha confiado inteiramente na coragem de viver e a “idoneidade” (perdoai o palavrão) mas vou preparando a lenha para fazer uma fogueira com tantos boletos para pagar. Isso sim, mata a gente.

A moça e seu dono, pra falar a verdade, estava-me um pouco nas tintas de El Greco e não duvido  que a oportunidade é uma das melhores transas que tenho tido, sido, lido  até no velho lide da notícia.

E adianto que voltaria a fazê-lo, tendo apenas o cuidado de insistir para que eu não seja dado a  uma última gargalhada, porque quem ri por último é o cara apavorado gritando do outro lado no sinal fechado – “pega ladrão, pega”

Mas, ceci n’est pas une pipe

Kapetadas

1 – -Meu humor é peculiar, vc não entenderia -prove

2 – Cuidado com os simpáticos demais, por trás deles pode estar um vendedor de óleos essenciais.

3 – Ilustração – On this day: El Greco (Doménikos Theotokópoulos) passed away 7 April 1614

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