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Ana Karla Lucena  é bacharela em Direito pela Universidade Estadual da Paraíba. Servidora Pública no Tribunal de Justiça do Estado da Paraíba. Mãe. Mulher. Observadora da vida.

Feliz Natal, Ocidente

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publicado em 18/12/2023 às 07h00
atualizado em 17/12/2023 às 16h47

Há exatamente um ano, assistindo ao noticiário, eu acompanhava a visita do líder ucraniano Volodymyr Zelensky ao Congresso dos Estados Unidos da América, em busca de apoio financeiro para a guerra contra a invasão russa ao território da Ucrânia, em fevereiro de 2022. Lembro-me perfeitamente que à época eu já me questionava como a civilização ocidental assistia e financiava a perpetuação de algo tão bárbaro. “Em dois dias, celebraremos o Natal, talvez à luz de velas. Não porque seja romântico, mas porque não há eletricidade.” Foram palavras proferidas por Zelensky diante do Congresso Americano e da mídia internacional. “Cada centímetro daquela terra está encharcada de sangue”, continuou o líder em seu discurso.

Dezembro de 2023. Nova visita do presidente ucraniano aos Estados Unidos, mais reuniões com lideranças europeias, ainda em busca de apoio financeiro para continuar resistindo às investidas russas. Resistência que, segundo estudiosos do assunto, não conseguirá  durar mais do que dois anos.

A perplexidade, apesar de tudo, ainda se faz sentir,  e vemos, atordoados, como ainda  é possível, no estágio de civilização supostamente alcançado pela humanidade, presenciarmos a história, de forma cíclica, repetir os mesmos erros, pelas mesmas motivações. Colocando em risco os rumos da humanidade e tirando do nosso coração a esperança de um futuro seguro para todos nós.

Há pouco mais de dois mil anos, um  homem viveu nesta terra. Para alguns, um pacifista. Para outros, um revolucionário. Para outros, o Messias prometido. O filho de Deus. Um camponês galileu, cujos ensinamentos em nome dos pobres, doentes e marginalizados foram de um tom tão ameaçador aos políticos e religiosos da época, que causaram sua prisão, tortura e morte na cruz. Falava sobre um reino onde haveria liberdade e justiça para homens, mulheres e crianças. Igualdade e paz.

Natal, época em que o ocidente comemora o nascimento do Cristo. Fico a me questionar o que esse Cristo pregaria diante da decadência atual. Pergunto-me se novamente o crucificariam. As únicas respostas que me vêm à mente são: sim, ele teria que repetir as mesmas palavras, pois, mesmo após dois  mil anos, não aprendemos sobre amor e justiça. Não aprendemos sobre dar a outra face, caso necessário. E, sim, ele seria novamente crucificado. Desta feita, por aqueles que professam seu nome.

Parece demais pedir que não roubem de nós nem das gerações futuras o direito a termos fé de que um dia a humanidade possa, enfim, experimentar este reino ideal, no qual todos tenham direito à paz. Mas peço! Peço por paz, peço por amor, peço por justiça, peço por igualdade, peço que deixem que meus filhos creiam nestes ideais. Que o discurso do maior mestre que a humanidade conheceu finalmente nos alcance! Que aprendamos com ele! Que possamos, um dia, comemorar natais sem a mancha da hipocrisia sobre nós! Feliz Natal, ocidente!

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB

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