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Clara Velloso Borges é escritora, professora de literatura e mestranda em Estudos Literários pela Universidade Federal de Minas Gerais. E-mail: [email protected]  

Bola em campo

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publicado em 25/11/2022 às 07h00
atualizado em 24/11/2022 às 16h17
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Não precisa ser diplomata para achar a Copa no Qatar uma péssima ideia. Graves violações aos direitos humanos, homofobia e altas temperaturas são apenas alguns dos problemas em sediar o maior evento futebolístico do mundo no país árabe. A rejeição à escolha da FIFA ficou clara na abertura da Copa, em que artistas consagrados, como Shakira, se recusaram a cantar. O pior cego no futebol, como diria Nelson Rodrigues, é aquele que só vê a bola.

Apesar da hostilidade do país sede, não dá para conter o clima de Copa do Mundo, ainda mais aqui, no Brasil. Após 20 anos sem título, parece que as coisas voltaram a se alinhar: até o Mineirão, palco do 7 a 1, foi purificado após o belíssimo show de despedida de Milton Nascimento. Talvez nem o Qatar, sem qualquer tradição de bola, passe por uma vergonha como tomar essa goleada em casa.

Duas copas após esse vexame, o país ainda para quando a bola entra em campo. Aulas são suspensas, serviços são adiados e até quem não gosta de futebol é contagiado. Drummond, em 1970, já escrevia que entre bandeiras tremulantes, microfones, charangas e ovações, seu coração se exaltava e torcia, torcia, e se retorcia. Que venham os jogos, para que torçamos com fúria e amor.

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB

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