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Francisco Leite Duarte é advogado tributarista, auditor-fiscal da Receita Federal (aposentado), professor de Direito Tributário e Administrativo na Universidade Estadual da Paraíba, doutor em direitos humanos e desenvolvimento. Na Literatura, publicou os romances “A vovó é louca” e “O Pequeno Davi”, uma coletânea de contos chamada “Crimes de agosto”, um livro de memórias (“Os longos olhos da espera”), e dois livros de crônicas.

Colegas escritores, tremei-vos

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publicado em 08/07/2022 ás 07h00
atualizado em 07/07/2022 ás 20h47

 

Encubram se de vergonha. O governo federal contemplou com a Medalha do mérito do livro da biblioteca Nacional gente como Daniel Silveira, Alexandre Ramagem, Hélio Lopes, Chris Tonietto,  apoiadores do capitão que, juntamente com a esposa, foi contemplado também.

É de cair o queixo. Tem homenageado que só sabe o que é o “O” porque senta em cima. Agora, vejam o que diz o Decreto-lei n 1.706/1939:

Art. 1º Fica instituído o Livro do Mérito, destinado a receber a inscrição dos nomes das pessoas que, por doações valiosas ou pela prestarão desinteressada de serviços relevantes, hajam notoriamente cooperado para o enriquecimento do patrimônio material ou espiritual da Nação e merecido o testemunho público do seu reconhecimento.

Pois bem, a pergunta que se impõe é: o que esses aloprados contribuíram para o enriquecimento do patrimônio material ou espiritual da Nação, a não ser tumultuar o processo democrático, violentar a racionalidade, chafurdar a auto estima do país?”

Vejam o caso do Deputado Daniel Silveira. Ex-policial, deputado federal eleito no bojo da loucura nacional de 2018, quebrou uma placa que homenageava Marielle Franco, e foi condenado pelo STF a oito anos e nove meses de prisão por agressões verbais a ministros da Corte e por tentar impedir o livre exercício dos Poderes.

Pasmem. A motivação da concessão é motivo de cancelamento da honraria, como diz o art. 3 º do Decreto:

Art. 3 º A prática de ato contrário aos sentimentos de honra, ou de ofensa à dignidade nacional, importa o cancelamento da inscrição. Esse cancelamento far-se-á por decreto e de acordo com parecer unânime da comissão a que se refere o artigo anterior.

Todos que ainda têm vergonha na cara discordaram do insano ato. Marco Lucchesi e Antônio Carlos Secchin, imortais da Academia Brasileira de Letras (ABL), se recusam a receber a medalha.

Que pena! Como o poeta Carlos Drummond de Andrade e o pensador Gilberto Freyre estão, agora, em péssima companhia.

@professorchicoleite

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