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Jornalista paraibano, sertanejo que migrou para a capital em 1975. Começou a carreira  no final da década de 70 escrevendo no Jornal O Norte, depois O Momento e Correio da Paraíba. Trabalha da redação de comunicação do TJPB e mantém uma coluna aos domingos no jornal A União. Vive cercado de livros, filmes e discos. É casado com a chef Francis Córdula e pai de Vítor. E-mail: [email protected]

Pensamentos instantâneos

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publicado em 07/12/2021 às 08h00
atualizado em 07/12/2021 às 05h19

Escrever aforismos é uma coisa louca. Eu não sei. Essa forma de expressão sucinta de um pensamento… mas como, se o pensamento voa? É quase uma “sentença”.

Numa farmácia, vi  uma jovem mandar o atendente tomar naquele canto. Com 4 palavras, quase inspirou uma sequencia de um conto erótico, mas eu não conto.  Regresso para casa e tento escrever. Não é nada que dê um texto.

É mais ou menos assim, o tal do mecanismo. Ou então, à noite temos uma inspiração, um princípio de espasmo e às três horas da madrugada sonhamos com sexo. E, finalmente, isso torna-se um tema, não com a jovem da farmácia. Sequer, um aforismo.

É sério. Não se pode ser um jornalista com aforismos. Isso não é possível. Mas, numa civilização em total desagregação, este género combina com qualquer coisa, “já  (que) qualquer coisa doida, dentro, mexe”.

É evidente, não se deve nunca ler um livro de aforismos de uma tacada só, pois temos a impressão de caos e de uma falta de sanidade total. Nada a ver com tira essa bermuda que eu quero você sério, até porque não combina com o maiô verde, da menina preta de biquini amarelo. Já meu pai nunca usou uma bermuda.

Talvez um triângulo, eu, você, nós três aqui nesse terraço em BH, não é Alex Leite?

Ler Nicolas Chamfort  (foto) já é uma porta, talvez um janelão, digo Jamelão cantando Lupicínio Rodrigues, mas não se deixe ser defenestrado.

Chamfort é foda – “O ser humano tem até de experimentar o amor, para que compreenda bem o que é a amizade”. É isso, eu sempre achei que amizade é superior ao amor, mas quem sou para ter direitos exclusivos sobre ela. Ela, quem? Tenho que parar de ouvir música, mas não consigo, é um vício.

Mudando de assunto, fui na casa do jornalista Heron Cid e Marly Lúcio para a confra do MaisPB. Lá conheci Roberto, o rei do MaisPB, Thais, Michele e Wallison Bezerra, que ainda é menino. E conheci Bejamin, o caçula da família.

Fiz um pequeno discurso e Heron lembrou o que disse certa vez o médium Divaldo Franco, de que a gente está exatamente onde deveríamos estar.

A frase pode ser um aforismo, mas não caiu na rede das generalidades instantâneas. É pensamento farol.  Realmente estamos aqui, cada um na sua. Saudades de Walter Galvão.

Você tem um pensamento que parece explicar tudo, aquilo a que chamamos pensamento instantâneo. Ai sim, você não é integral, é instantâneo. Boom!

Na Rússia, na literatura russa, que eu saiba não há aforismos. Na Alemanha muito pouco. Apenas Lichtenberg e Nietzsche praticam o gênero. Se Nietzsche está nessa, é porque ele não matou Deus.

 Aforismo é  uma especialidade francesa.

Nem sofista, nem surfista.

 A vantagem do aforismo é que lançamos como quem lança uma bofetada. Pow!

Dá licença, que Mia Couto chegou, acompanhado de Jória Guerreiro – vou entrar na sua “Terra Sonâmbula”, depois eu acordo.

Kapetadas

1 – Ciro com Moro, faz bom monturo.

2 – Tão recatada que nunca mostrou a bunda nem pra tomar injeção.

3 – Adorei a moldura da imagem de Nicolas Chamfort. 

3 – Som na caixa: “ Simone e Raimunda, disparou as Luanas/A palavra bunda é o Português dos Brasis”, Caetano Veloso

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB

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