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Livro de Thereza Eugênia traz imagens clássicas da MPB

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publicado em 30/10/2021 às 11h46
atualizado em 30/10/2021 às 13h43

Kubitschek Pinheiro MaisPB

Reconhecida como uma das melhores fotógrafas do Brasil, por seu trabalho com grandes nomes da MPB, a baiana Thereza Eugênia já completou 82 anos e está em plena atividade. Ela mora no Rio de Janeiro há décadas e está lançando seu primeiro livro, “Thereza Eugênia: Portraits1970-1980” com selo da Editora Barléu, 192 páginas.

É um catatal, um livro, um documento em preto e branco, para guardar para sempre, com seu acervo primoroso, onde Thereza se destaca de outros profissionais por ter conquistado a intimidade de muitas personalidades da Música Popular Brasileira: os baianos Caetano Veloso, Maria Bethânia, Gal Costa, Gilberto Gil, além de Ney Matogrosso, Rita Lee, Nana Caymmi, Chico Buarque, Lulu Santos, Nelson Motta, Marina Lima, Raul Seixas e muito mais – o que lhe possibilitou fazer fotos em ambientes fora do estúdio. Thereza foi longe. Thereza vai muito mais.

Há fotos sensacionais, fotos de intimidade dos artistas, até da cantora Maria Bethânia, sempre muito reservada, que aparece em seu livro tomando banho de piscina. Ou Caetano com uma pena de pavão, escolhida para ilustrar a capa do livro. A contra capa é a sua irmã, Maria Bethânia.

No livro de Thereza vamos encontrar Fafá de Belém tomando um café, o umbigo de Gal Costa. Maysa sentada num sofá, Raul Seixas de óculos caídos nomeio do nariz. Clementina de Jesus tem um jornal nas mãos. Zizi Possi acalenta a filha Luiza. Angela Ro Ro energiza a vida com um copo de uísque.

Thereza estreou fazendo uma foto para a capa de um disco do rei Roberto Carlos, em 1970, o que lhe abriu as portas no mundo artístico. Parida em Serrinha, no sertão da Bahia, Thereza cursou enfermagem em Salvador (salvou muitas vidas) e se mudou para o Rio de Janeiro em 1964, onde é respeitada até hoje.

Veja galeria de imagens:

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O MaisPB conversou com ela, uma mulher de uma simplicidade imensa, que nos conta várias histórias dessas imagens dos artistas, como ela chegou perto deles, da sua arte com o canto dos artistas brasileiros.

MaisPB – Você chega aos 82 anos e se dá de presente e ao povo brasileiro seu livro Thereza Eugênia: Portraits 1970-1980, com selo da Editora Barléu. Está satisfeita com essa realização, saber que suas fotos estão nas mãos de milhares de pessoas?

Thereza Eugênia – Estou muito feliz, o livro veio do pedido dos meus seguidores do Instagram. São fotos que na sua maioria nunca foram publicadas nos jornais.

MaisPB – Vamos retomar a continuidade. Você ainda fotografa os artistas quando é possível?

Thereza Eugênia – Sempre faço fotos, quando vou a shows sem compromisso e coloco no Instagram.

MaisPB – Uma pergunta que já lhe foi feita diversas vezes. Como foi o começo?

Thereza Eugênia – Em 1968 comprei uma máquina, fotografava minha irmã que posava de modelo. Pela primeira vez fui ver Bethânia no show “Comigo Me Desavim”, (nome de um poema de Sá de Miranda, musicado por Caetano Veloso, especialmente para sua irmã cantar. O show aconteceu no Teatro Ruth Escobar, em 1968). fotografei, um amigo comum me levou até a casa dela que gostou das fotos mas seu empresário disse que não era foto comercial para capa de disco.

MaisPB – Vários artistas brasileiros estão no seu livro, que mais parece um álbum de família. Quem você mais gostava de fotografar?

Thereza Eugênia – Minhas fotos tem senso de intimidade porque eu frequentava a casa deles. Conheci Bethânia primeiro, depois Gal. Em 1972 Guilherme Araújo chegou de Londres com Caetano e Gil que estavam exilados por causa da ditadura, fiquei amiga dele que era empresário dos artistas da MPB e passei a fotografá-los.

MaisPB – Vamos relembrar a foto fatal do show de Roberto Carlos. Conte aí novamente essa aventura?

Thereza Eugênia – Em 1970, Roberto Carlos fez show inaugural no Canecão. Sua divulgadora Yvone Kassu que era minha amiga pediu para que eu fotografasse e como não tinha máquina profissional, pedi emprestado ao gerente da casa que depois falou, como você manda uma pessoa que não sabe nem segurar a máquina fotografar RC? Por ironia, ele gostou da foto e colocou na capa de seu LP.

MaisPB – Quando você começou a fotografar os artistas, logo veio a amizade com eles?

Thereza Eugênia – Como falei já era amiga de Gal e Bethânia com a chegada de Guilherme Araújo, empresário deles, fiquei sua amiga e passei a fotografar seus artistas.

MaisPB – Você acredita que na imagem, no retrato, tem um pouco da alma do artista?

Thereza Eugênia – Foto é uma maneira pessoal de interpretar a imagem, eles são ídolos, mas os vejo como pessoas.

MaisPB – Tem alguma história interessante, um vexame, algo que você ficou nervosa diante de um ângulo?

Thereza Eugênia – A foto da capado livro tem uma história. Caetano morava no Jardim Botânico e eu morava perto dele. Convidei para ir ao meu apartamento. Ele vestiu uma roupa que usava no Carnaval da Bahia. Na pequena sala do meu apartamento improvisei um estúdio, tinha um jarro com uma pluma de pavão, ele a pegou, colocou no rosto e eu comecei a fotografar. Amo esta série que fiz dele.

MaisPB – Na época você mostrava aos artistas as fotos, presenteava eles com as fotos?

Thereza Eugênia – Sim, eu costumava mostrar as fotos aos artistas e presentear.

MaisPB – Hoje você está bem avançada nas redes sociais, o forte são as imagens do Rio, ruas, anônimos. Vamos falar sobre isso?

Thereza Eugênia – Gosto de fotografar paisagens, cenas urbanas.

MaisPB – Thereza tem muitos fãs, gente jovem como Francisco Taboza do Instagram @caetanoéfoda, muita gente. Como é ser adorada pelos jovens caetânicos?

Thereza Eugênia – A partir de 2015 comecei a fazer o Instagram e fotografar com o celular que é prático. Tenho uma relação de amizade com meus seguidores e fiz amigos como Francisco Taboza, sua criação foi o meu estímulo. No dia 15 de outubro fiz 82 anos publiquei minha foto que tem quase 5 mil curtidas.

MaisPB – Já ouviu o disco novo de Caetano Veloso, “Meu Coco”?

Thereza Eugênia – Ouvi o disco do Caetano Meu Coco, gosto muito, principalmente da canção “AnjosTronchos”, porque graças a eles ganhei uma nova visibilidade.

MaisPB – Quem é Thereza Eugênia?

Thereza Eugênia – Thereza Eugênia é a pessoa mais comum do universo, cozinho, lavo, não passo por que não é necessário. Sou uma ótima dona de rua. A pandemia me tirou este grande prazer.

MaisPB – Você já fez seu autorretrato?

Thereza Eugênia – Tenho dois autor retratos no livro, uma foto dos meus pés na Tv de 1967 e uma foto que fiz com o IPhone para o livro.

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