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Jornalista paraibano, sertanejo que migrou para a capital em 1975. Começou a carreira  no final da década de 70 escrevendo no Jornal O Norte, depois O Momento e Correio da Paraíba. Trabalha da redação de comunicação do TJPB e mantém uma coluna aos domingos no jornal A União. Vive cercado de livros, filmes e discos. É casado com a chef Francis Córdula e pai de Vítor. E-mail: [email protected]

Dona Help

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publicado em 17/08/2021 às 08h07

Dona Help é amiga das antigas. Pessoa generosa, que tem amor por mim. Eu gosto de saber disso. Dona Help tem um amor chamado Seu Plínio Fontes e ela cuida muito bem dele.

Dona Help faz caridade. Faz o ano inteiro, mas ela não comenta. Eu só descobri porque às vezes coincide de ligar para ela, no momento em que a cena está acontecendo.

Dona Help anda com a mala do carro sempre abastecida de cestas básicas. Eu nunca entendi porque o nome é cesta básica. Mas eu sei o que contém uma cesta basicamente falando. A vida passa tão depressa…

São muitos quilómetros para uma vida só, muitas árvores e muitos abraços, que aliás estão faltando. Segundos, minutos, horas, que a gente não perde ao fazer o bem. Dura tão pouco. Seja o que for.

A pessoa precisa dividir, deixa a soma para quem sabe somar, aliás, somar é uma palavra bonita. Às vezes as pessoas dizem: “K, você veio para somar”. Nunca dizem, você veio para dividir. Parece que somar tem dois significados. Tomara.

Dona Help não resigna-se à viagem da ajuda, ela sabe que veio ao mundo para cumprir várias missões. Ela fala comigo ao telefone e me anima. Eu sou do tipo que só de conversar com uma pessoa boa, já fico melhor de qualquer impaciência. Dona Help tem fé.

Sabendo que uma vez na vida ela fez o bem, com certeza Dona Help repetirá. Isso é lindo. Sua humildade é um requinte.

Sempre em sentido, como alguém que cumpre um desígnio, Dona Help já ajudou muita gente. Mas ela não enumera. Não, ela continua ajudando.

Ela ajuda quem está por perto, quem estará por perto, quem está longe, ou distante ou quem está chegando.

Dona Help é vigilante, ela vive a captar tudo o que é divino, a pensar mais no outro que em si mesma. Existem pessoas assim? Claro, são poucas.

O que seria de mim se eu não tivesse conhecido Dona Help. E eu nem esperei por esse momento, a tal hora em que somos apresentados um ao outro.

Dona Help diz que me viu nascer.

Quantas vezes já nos demos as mãos para a receber e ofertar. E nem precisamos estar sempre de mãos dadas. As nossas mãos gostam das outras mãos, das mães, dos desvalidos, dos mais sofridos e necessitados.

Dona Help sabe que lutamos pela sobrevivência e somos sobreviventes e estamos assim há muito tempo.

Semana passada eu liguei para ela: onde a senhora está, Dona Help? “Estou aqui no Bairro dos Estados procurando um idoso que ficava no sinal da avenida Maranhão. Ele estava com uma placa no peito escrita: estou passando fome”.

Uns têm fome de viver, outros matam a sede na correnteza das águas.

Obrigado, Dona Help!

Em 2022 Dona Help vai fazer 70 anos. Ela não esconde a idade.

Orgulho danado fazer parte da vida dessa mulher, filha de Seu Papata, amigo de meu pai, Vicente

Kapetadas

1 – Não sou rótulo de água mineral pra ficar revelando as minhas fontes. Help, Dona Help!
2 – Se eu pudesse, eu passava o dia inteiro escutando música e lendo livros.
3 – Som na caixa: “Help! I need somebody”, Dos Beatles

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB

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