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Jornalista paraibano, sertanejo que migrou para a capital em 1975. Começou a carreira  no final da década de 70 escrevendo no Jornal O Norte, depois O Momento e Correio da Paraíba. Trabalha da redação de comunicação do TJPB e mantém uma coluna aos domingos no jornal A União. Vive cercado de livros, filmes e discos. É casado com a chef Francis Córdula e pai de Vítor. E-mail: [email protected]

O eco das lembranças

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publicado em 25/05/2021 às 07h42
atualizado em 28/05/2021 às 17h00

Nunca mais vi alguém falando nos marcianos. Ou com eles. Nem Cal Aranha. Nunca mais vi ninguém, dizendo que foi abduzido, sequer o mentor FeliZarrô, o homem que melhor definiu o caráter, mesmo diante de tantos caracteres.

Essa semana caiu um meteoro nas nossas costas nordestinas…

FeliZarrô disse que o caráter é “formado pelos livros que leu, pelas pessoas que se conviveu, mas sobretudo, pela manifestação do nosso Eu”.

Juro que eu não entendi nada. Desde quando ele reconheceu numa foto do compositor Liszt, na parede da varanda da nossa casa, como sendo minha tia Sinhá, que fiquei de orelha em pé. Não vou explicar.

Ora, o jovem e talentoso FeliZarrô, é um personagem que eu criei, em carne de sol e osso buco, mas eu sabia até então, que caráter é uma coisa biológica. Perdeu, já era.

Hão de chorar por nós os marcianos? Ou os cactos reluzentes ao raiar do dia, na chegada de Juliette com Anitta em carro aberto e outdoors espalhados pelas estradas de todos os santos do sertão? Não. Ou hão de fazer mais planos, pleonasmos e onomatopeias para nos salvar da triste sina.

Eu não entendi por que FeliZarrô escreveu “Eu” com o é maiúsculo. Talvez, numa referência ao Augusto, mas meu personagem descobriu que ele é um anjo, o anjo da canção de Jorge Bem Jor.

Bom vamos deixar como está, para ver como não fica. Vamos pensar nos chás de camomila, no véu furado da minha ex-noiva, ou quem sabe num esboço futurista.

Sonhei que eu comprava uma bicicleta (foto) ao artista Luiz Cavalli e que ela tinha seios, não exatamente no guidão, mas seios na face da bike.

Vi Luíza Brunet na TV, e pensei em Brigitte Bardot. Lembrei da canção de Tom Zé, que diz que a Brigitte não é mais a mesma. A Luíza não é mais aquele mulherão, mas a areia do meu caminhão, sim.

Enquanto isso, a Terra gira numa velocidade estonteante, em torno do segundo sol nesse ciclo pandêmico. A Terra não é mais azul com tantos bombardeios…

Lembro que minha mãe dizia que a Terra dava muitas voltas. Não estaria tonta? Alguém ficará alegre só de ouvir um anúncio na televisão, de que está sobrando vacinas e assistirá sozinho, a um filme “Crimes e Pecadas” (1989), de Woody Allen, em seus confortáveis lençóis e aplicativos…

Alguém caminhará por um tapete vermelho sobre o baixo clero e, sem querer, vai esbarrar no sapato de outra pessoa, que dirá, sinto muito; essa outra pessoa constrangida, dirá, não foi nada, imagina, imagina, imagina, imagina.

A gente vai ficando por aqui, que Deus do céu nos ajude, quem sai da terra natal em outro canto não para. Para de delirar, Sr. K!

Kapetadas
1 – Vocês já ouviram meu podkast?
2 – Gente, é muita comemoração pelo número de seguidores pra pouca lamentação pelo número de mortos.
3 – Som na caixa: “Omar Cardoso, é coisa nossa”.

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB

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