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Francisco Leite Duarte é Advogado tributarista, Auditor-fiscal da Receita Federal (aposentado), Professor de Direito Tributário e Administrativo na Universidade Estadual da Paraíba, Mestre em Direito econômico, Doutor em direitos humanos e desenvolvimento e Escritor. Foi Prêmio estadual de educação fiscal ( 2019) e Prêmio Nacional de educação fiscal em 2016 e 2019. Tem várias publicações no Direito Tributário, com destaque para o seu Direito Tributário: Teoria e prática (Revista dos tribunais, já na 4 edição). Na Literatura publicou dois romances “A vovó é louca” e “O Pequeno Davi”. Publicou, igualmente, uma coletânea de contos chamada “Crimes de agosto”, um livro de memórias ( “Os longos olhos da espera”), e dois livros de crônicas: “Nos tempos do capitão” …

O escritor e o editor que existem em você

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publicado em 05/03/2021 às 09h21

A Lura editorial, em uma sacada inteligente e atitude comprometida com a escrita e com a literatura, criou o Mode Brasil — Movimento da Escrita – Brasil —, consistente em desafios diários para escritores. O Projeto teve o apoio da lei federal Almir Blanc e da Secretaria de Cultura de São Caetano do Sul, além de diversas parcerias.

A ideia era a de que as pessoas deveriam escrever, no mínimo, quinhentas palavras por dia, ao cabo de trinta dias seguidos. Com isso, desenvolver-se-ia o hábito da escrita diária, destravando-se as amarras que teimam em assustar sobretudo o escritor iniciante, sua relação com a branquidão da folha de papel ou da tela de computador.

A ideia foi inspirada em movimentos já conhecidos alhures, a exemplo do NaNoWriMo (foto) – National Novel Writing Month (mês nacional da escrita de romances), um desafio mundial, popularizado na Internet, o qual começou em 1999, consistente em escrever um romance de cinquenta mil palavras durante os 30 dias do mês de novembro.

O Movimento da Escrita – Brasil foi realizado no mês de fevereiro e desenvolveu-se de forma consistente, organizada em torno de materiais, aulas semanais em vídeos, exercícios diários e outros encontros de estímulo e acompanhamento dos escritores.

O movimento foi um sucesso, mais de mil pessoas inscritas entre nacionais e estrangeiros. Uma das estratégias recomendadas foi a de separar o escritor do editor que existe dentro de cada um de nós, ou seja, ao sentar-se para a escrita, escrever, sem as preocupações usuais que quebram o ritmo da escrita, para corrigir uma palavra, burilar um parágrafo, aformosear o texto.

Não, isso não! Escreva. Separe o escritor do editor que existe em você. A ideia é bem interessante para textos curtos, como crônicas, contos ou outras narrativas similares, mas, para mim, que ousei escrever um romance nesses trinta dias, não havia como fazer isso, afinal, nas estórias longas, como novelas e romances, há um enredo, uma trama, muitos personagens, uma ambientação a serem desenvolvidos de forma coerente e articulada em torno de uma premissa, de uma ideia, exigindo releitura e revisões constantes, sob pena da criação de algo teratológico.

E foi assim que fiz. Eu nem deveria ter começado. Tenho três expedientes diários de trabalho e não poderia me dar a esse luxo, mas me dei. Escrevi no decorrer dos trinta dias, durante a madrugada, em uma rotina cansativa, mas extremamente prazerosa. Foram mais de 35.000 palavras, uma média de 1.100 palavras diárias, e, no fim, nasceu um romance ( ou uma novela), “O demônio de Laplace”.

Claro que é uma primeira versão. Há de se reforçar o trabalho do editor, revisão, leitor beta, leitura crítica, pôr a obra para serenar e, em breve — assim que achar a editora certa —, mais um livro para se juntar aos meus romances “A vovó é louca”, “O pequeno Davi” e ao meu livro de memórias “Os longos olhos da espera”, todos disponíveis na Amazon Brasil.

Pois é, que venham outros movimentos da escrita!

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB

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