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Marcos Pires é advogado, contador de causos e criador do Bloco Baratona. E-mail: [email protected]

Pobres enxeridos

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publicado em 23/01/2021 às 08h30


Todos os anos mãe Leca (foto) paga em doze suadas prestações o valor equivalente a duas diárias no melhor hotel do Brasil, o “da moda”. É meu presente de aniversário. Claro que paga o valor do quarto mais barato e quando chegamos ao tal hotel entra em cena a minha rara capacidade de convencimento. Nisso sou bom; já convenci muitos recém apresentados a serem amigos de infância com vinte minutos de léria. Nas recepções dos hotéis já usei todos os argumentos possíveis para conseguir upgrades, sempre descolando suítes.

Mas vamos ao que importa. Em dezembro do ano passado mãe Leca optou por um verdadeiro palácio, entre outras vantagens porque eu poderia comemorar o aniversário com a banda do meu coração que reside em São Paulo.

Fomos para o Palácio Tangará, um hotel fantástico. Logo na entrada você já fica com vergonha da sua roupa. Por mais elegante que esteja os empregados dão de dez. E os hospedes chiques que olham pra você de cima pra baixo e dão um muxoxo só aumentam a sensação de mamãe porque você casou com papai? No menor dos apartamentos cabem uns 4 flats onde moro. São tantas as toalhas no banheiro que deveria haver um manual explicando como usá-las. Há um cardápio de travesseiros, juro. Quando íamos descer para jantar no restaurante do hotel, mãe Leca deu uma olhada no lado direito do cardápio (preços, obviamente) e me fez uma sugestão super romântica: “- Negão, é melhor a gente ficar no apartamento e racharmos um prato de macarrão”. Foi o que fizemos. Ainda bem que eu levara duas garrafas de vinho que ganhara de presente. Se uma água mineral custa vinte contos imagine os vinhos de lá. Dia seguinte fugimos do café da manhã (mais de cem contos por pessoa) ao argumento de que iriamos caminhar.

Caminhamos sim, mas para uma padaria. Na volta fomos à piscina aquecida, onde Mãe Leca queria fazer umas poses. Eita como é ruim ser pobre. Um coco custava 18 reais e tivemos que esperar um casal sair da mesa onde tomaram cocos para pegarmos o “vasilhame” seco de um deles e fazer as tais fotos. Resumo da opera; juntamos nossos troços e fomos nos hospedar num muquifo de primeira. Com o valor economizado da segunda diária deu para passarmos 4 maravilhosos dias como seres humanos normais. A propósito; quer saber se você é pobre? Quantas notas de 200 reais já entraram no teu bolso tanto depois do lançamento?

Bem-vindo ao clube.

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB

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